Oficialmente o Presidente da República está a fazer contas de somar e diminuir para ver se lhe vale ou não a pena enviar para o Tribunal Constitucional a legislação aprovada no parlamento sobre a eutanásia”

Mas enquanto o Presidente se dedica às regras de três simples para determinar se desencadeia ou não uma crise (no universo lúdico de Marcelo a presidência só conhece dois modos: o festivo em que o Presidente anda aos pulos com o Governo e o dramático em que provocará uma crise que leve António Costa a mudar de governo), os deputados prosseguem na sua marcha destravada para a criação do homem novo: “Portugal será um dos primeiros países a permitir inseminação post mortem” — soube-se esta semana. Ou seja após ter aprovado a eutanásia, o parlamento resolveu legislar sobre o “projecto comum de parentalidade” que as mulheres viúvas poderão manter com os maridos mortos através da inseminação do esperma congelado. Não fosse o assunto tão sério e dir-se-ia que essas mulheres precisam sim de ajuda para fazer o luto e não para engravidar de quem já morreu.

Toda esta realidade virtual do “direito a morrer”, das mudanças de género, das barrigas de aluguer ou agora do projecto comum de parentalidade com um morto (durante quanto anos estimarão os senhores deputados que se consegue manter um projecto comum de parentalidade com um morto?) nos chega embrulhada no papel festivo do “Portugal na dianteira”, do “direito a”, da “correcção da injustiça”.

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