Arrancou outubro, é tempo do tradicional balanço de início do ano lectivo. Nunca ouviram falar desta tradição? Talvez o facto de ter acabado de a inventar o justifique. E inventei-a porque me dá jeito para referir coisas.

A primeira coisa é a polémica em torno daquela senhora que deu aulas de Matemática durante mais de trinta anos sem ter habilitações para tal. Então não é que a pseudo-docente está a ser vilipendiada. Como é possível? Com a falta de professores que há neste país, uma senhora que, mesmo sem formação para tal, pelos vistos sabe dar aulas — para mais de Matemática! — e tem paciência para aturar putos para quem 7×8 só se aprende no curso de astrofísica nuclear, devia era ser condecorada.

A segunda coisa é aquele aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto que vai para a escola e assiste às aulas vestido de cão. Provando que a carreira docente não está assim tão desvalorizada no nosso país. Muita gente diz que os professores são tratados abaixo de cão, mas pelos vistos não é bem assim. Pelos visto os professores estão ali, taco a taco, com os seus alunos caninos. Mas não abaixo, calma.

A terceira e, não desesperem, última coisa, prende-se com um professor, este sim, abaixo de cão. De seu nome Fathi al-Sharif, este stôr, entretanto falecido, acumulava a liderança do sindicato dos professores da UNRWA – a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente – com a liderança dos terroristas do Hamas no Líbano. Um abnegado funcionário pago pela organização liderada por António Guterres (ou seja, também pelos nossos impostos) para endoutrinar crianças palestinianas no ódio aos judeus, que complementava esta actividade com aulas prática de extermínio de judeus. E que, por instantes, talvez até ao fim deste parágrafo, faz o líder da Fenprof, Mário Nogueira, parecer um enorme estadista.

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Depois de mais esta revelação sobre a ONU, não consta que António Guterres tenha decidido, com toda aquela magnanimidade com que abandonou o cargo de primeiro-ministro de Portugal, abandonar a liderança da ONU. Nada disso. Afinal, se há coisa da qual Guterres já provou não fugir é da vergonha.

Quem também ainda não se pôs ao fresco, mas a coisa já esteve mais bem parada, é o actual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Tudo por causa das negociações com o PS sobre o Orçamento do Estado para 2025. O que não se compreende. É mau feitio do primeiro-ministro. O PS já mostrou total disponibilidade para negociar. A única exigência de Pedro Nuno Santos é que o governo ceda em tudo o que é essencial na sua proposta, que raio. É como os palestinianos com Israel: estão sempre disponíveis para negociar, se o interlocutor se disponibilizar para deixar de existir.

As divergências no Orçamento do Estado parecem resumir-se ao seguinte. O PSD quer menos impostos, que suportar o nível actual é impossível. E o PS quer mais impostos, porque quando se quer mesmo muito ter domínio total sobre a vida das pessoas, tem de se acreditar que não há impossíveis. É ver o que idealizaram sonhadores como um Nicolás Maduro e ver onde está hoje uma Venezuela, para alguns conhecida como o Dubai da América Latina. Para dois. Nicolás Maduro e Boaventura Sousa Santos.

Mas exista o Orçamento do Estado que existir, com mais ou menos cedências do governo ao PS, não fará grande diferença. Ter um Orçamento do PSD, ou do PS, é como pedir um orçamento a um empreiteiro e outro orçamento a uma empresa diferente que, por azar, é propriedade da esposa desse mesmo empreiteiro. No fim de contas, a única coisa certa é que a obra não fica bem feita. Isso é clarinho. Mais transparente só mesmo o vestido da Ana Moura nos Globos de Ouro.