Num mundo que caminha a passos largos para uma realidade onde, aproximadamente, 70% da população residirá em áreas urbanas até 2050, o desafio de desenvolver cidades sustentáveis e resilientes às alterações climáticas torna-se não só relevante, como fundamental. Este desafio coloca-nos perante um cenário onde as necessidades por transportes públicos adequados, habitação e infraestruturas eficientes e sustentáveis se torna cada vez mais premente.

Portugal tem uma oportunidade única para ser exemplo, no cenário global. O compromisso com a sustentabilidade e a proteção ambiental deve estar no cerne das políticas públicas, especialmente no que toca à habitação e ao desenvolvimento urbano. Segundo o Capgemini Research Institute este compromisso já está a ser refletido com uma mudança percetível na mentalidade empresarial global em direção à sustentabilidade. Porém, de acordo com o relatório, os investimentos em iniciativas sustentáveis mantiveram-se estáveis entre 2022 e 2023, representando menos de 1% da receita total no último ano. Precisamos de melhorar pois só assim será possível garantir uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Um ponto crucial nesta discussão é a importância de expandir o desenvolvimento urbano sustentável para além das grandes metrópoles como Lisboa e Porto. Falo, a título de exemplo, de regiões como Aveiro. A sua localização estratégica, tecido industrial, a aposta tecnológica e académica, o potencial turístico e económico, tornam Aveiro, uma cidade muito atrativa do ponto de vista do desenvolvimento urbano sustentável.

O caminho é cada vez mais, a descentralização. A região centro tem um potencial fortíssimo e investir em cidades como Aveiro, Viseu ou Coimbra não só alivia a pressão sobre os grandes centros, como promove um desenvolvimento mais equilibrado a nível nacional.

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O futuro passa, sem dúvida, pelo desenvolvimento de políticas habitacionais que promovam a sustentabilidade e que sejam disruptivas em termos de inovação. Só assim será possível satisfazer as necessidades imediatas da população e futuras do planeta. Segundo dados das Nações Unidas, 70% das emissões globais de gases com efeito de estufa são resultantes da poluição produzida nas cidades, o que sublinha a importância de repensarmos os nossos espaços urbanos.

A adoção de tecnologias verdes na construção e renovação de edifícios, a criação de comunidades de baixo carbono e a garantia de acessibilidade financeira são passos fundamentais neste processo. Além disso, a participação comunitária no desenvolvimento e implementação de projetos urbanos sustentáveis fortalece a coesão social e promove uma maior resiliência do ponto de vista urbanístico.

Ao ponderarmos sobre o futuro urbano sustentável de Portugal, é preciso reconhecer que, apesar das elevadas aspirações, enfrentamos também desafios significativos que exigem abordagens pragmáticas e realistas. A transição para cidades mais sustentáveis e inclusivas não se resumem apenas, à implementação de novas tecnologias ou políticas inovadoras, é também uma questão de mudança cultural, adaptação social e, acima de tudo, uma reavaliação das nossas prioridades coletivas.