O Papa disse esta segunda-feira ser favorável a uma intervenção no Iraque para defender as minorias do país – incluindo os iraquianos católicos – que têm sido perseguidas e mortas pelo Estado Islâmico (IS antigamente conhecido como ISIS). O líder da Igreja Católica aguarda agora que a ONU se pronuncie favoravelmente sobre ajuda militar ao país.

“Nestes casos, em que há uma agressão injusta, só posso dizer que é lícito travar um agressor injusto. Sublinho o verbo ‘travar’, não digo ‘bombardear’ ou ‘começar uma guerra’, apenas ‘travar'” afirmou o Papa aos jornalistas que viajam com ele a bordo do avião papal, de regresso a Roma depois de uma visita à Coreia do Sul. O Papa disse ainda que tem de se avaliar bem como é que se vai intervir no terreno.

O Papa defende que a decisão sobre o envio de tropas para o Iraque para proteger a população deve ser uma ação concertada através da ONU. “Uma nação sozinha não pode decidir como travar esta ameaça”, alegou, falando depois da importância da ONU neste processo de decisão, segundo indica a Associated Press.

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Os EUA estão desde dia 8 de agosto a bombardear as montanhas do Iraque, permitindo às forças curdas avançarem sobre o IS e às minorias que aí estavam encurraladas, fugirem para sítios mais seguros. Barack Obama justificou esta intervenção norte-americana com as ações “especialmente brutais” dos terroristas contra as minorias religiosas, chamando-lhes mesmo de genocídio.

Tanto França como o Reino Unido comprometeram-se a enviar também apoio às forças curdas através de helicópteros e armamento. David Cameron escreveu um artigo no The Telegraph no sábado a justificar a intervenção junto da opinião pública que teme que o exército britânico regresse ao Iraque. O primeiro-ministro escreveu que a existência do califado “não é um problema a milhares de quilómetros”.

“Se não atuarmos de modo a parar este movimento terrorista extremamente perigoso, ele só vai crescer e tornar-se mais forte, até nos atacar nas ruas do Reino Unido”, escreveu Cameron

O porta-voz dos cristãos no Iraque, Mark Arabo, veio dizer publicamente que esta organização terrorista tem decapitado crianças, mães e pais por serem cristãos. “O mundo não viu um mal como este na última geração”, disse Arabo à CNN.

Vaticano tem vindo a defender ação no Iraque

O Vaticano está há algum tempo a considerar como poderia ajudar a situação, ponderando até uma visita do próprio Papa, confidenciou Francisco. “Dissemos que, se necessário, quando regressássemos da Coreia do Sul iríamos para lá, mas neste momento sabemos que não é a coisa mais acertada a fazer”, admitiu.

Antes do Papa Francisco ter dado apoio a uma intervenção, já tinha mencionado várias vezes a situação preocupante dos cristãos e católicos no Iraque, pedindo à comunidade crente que rezasse pela sua segurança. Alguns enviados diplomáticos do Vaticano também já se tinham manifestado favoravelmente a algum tipo de ação no país.

Monsenhor Giorgio Lingua, embaixador do Vaticano no Iraque, disse à rádio do Vaticano que lamentava que a situação necessitasse de intervenção externa por parte dos EUA, afirmando, no entanto, que “era bom saber que pelo menos assim se retiravam armas a pessoas que não têm escrúpulos”. Também o embaixador do Vaticano em Genebra, na ONU, o Arcebispo Silvano Tomasi, foi mais longe dizendo: “Talvez a intervenção militar seja necessária neste momento”.