David Duarte não foi o primeiro doente a morrer no Hospital de São José devido à falta de uma equipa de neurocirurgiões vasculares. Uma fonte do hospital revelou ao Expresso que, desde 2014, é já a quinta vítima com ruturas de aneurisma que não sobrevive durante um fim de semana, por falta de cuidados.

Segundo a mesma fonte hospitalar, se tivessem sido submetidos à neurocirurgia necessária, todos eles tinham probabilidades de sobreviver. No entanto, a equipa de neurocirurgiões recusa-se a estar de prevenção desde 2014, ano em que três das cinco vítimas morreram, face aos cortes de 50% nas horas extra aplicados pelo Governo de Passos Coelho e Paulo Portas.

Chamar a equipa de neurocirurgiões excecionalmente ou contactar o Hospital de Santa Maria para averiguar a possibilidade de David Duarte ser operado nesta unidade hospitalar não foram opções tidas em conta, avança ainda o Expresso. Esta é uma informação confirmada pelo Diário de Notícias que, em machete, adianta que a administração do hospital, a Administração Regional de Saúde e mesmo o Ministério da Saúde podem responder em tribunal pela morte do paciente.

A abertura de um inquérito à morte de David Duarte foi confirmada pela Procuradoria Geral da República, podendo estar em causa crimes como negligência médica, omissão de auxílio ou homicídio por negligência, diz o DN. Homicídio por negligência, o mais provável dada a falta de uma escala de serviço, é um crime punível com prisão efetiva de um a três anos.

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A morte de David Duarte que, ao contrário das quatro anteriores, se tornou mediática, veio garantir o acordo que o anterior ministro da Saúde, Paulo Macedo, prometia resolver desde 2013. A Expresso, fonte do São José adiantou que os cortes vão ser repostos quase na totalidade, o que vai garantir a disponibilidade de especialista em neurocirurgia vascular para lá da escala existente durante a semana.

Em maio passado, os responsáveis pela neurorradiologia de intervenção de quatro hospitais de Lisboa tentaram resolver o problemas da falta de escala ao fim de semana, noticia o Público. A proposta era a existência de uma escala única para a área metropolitana de Lisboa, mas nada aconteceu, declarou o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, ao Público.

*Texto editado por David Dinis