Está próximo o momento mais alto da actividade da Nissan na Europa neste ano de 2017. Em Março, será lançada a quinta geração do Micra, o modelo que poderá permitir à marca japonesa não só fortalecer a sua presença no Velho Continente, tornando-se menos dependente dos seus SUV, como regressar a um lugar que já lhe pertenceu num dos segmentos mais disputados do mercado: o dos utilitários.

Aspirando a uma entrada directa para o top 10 das vendas da classe, o novo Micra anuncia-se como revolucionário e foi concebido, desenhado e desenvolvido na Europa e para a Europa (onde também é produzido) – sendo o primeiro, em 34 anos de história, que não será vendido no Japão.

O Micra cresceu. Em vários aspectos

Assente numa versão bastante modificada da plataforma “V” já utilizada na sua anterior geração, foi profundamente actualizado em todos os domínios, da estética à tecnologia, passando pelo desempenho, o que lhe permitiu reposicionar-se no coração do segmento da classe em que concorre, assentando as suas principais virtudes em três vectores fundamentais: um design marcante, um interior acolhedor e de elevada qualidade e uma experiência de condução referencial.

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O primeiro deles é evidente. Proposto apenas em carroçaria de cinco portas, mas senhor de um estilo expressivo e dinâmico, exibe linhas marcantes e angulosas, mas nem por isso menos aerodinâmicas, como o prova o Cx de 0,29. A grelha V-Motion, as ópticas dianteiras em forma de boomerang (em opção integralmente por LED), os vincos no capot e nos painéis laterais, a linha descendente do tejadilho, rematada pelo deflector montado no topo do portão traseiro, os pilares B e C em preto, os puxadores das portas traseiras embutidos nos pilares e os salientes farolins, que replicam o formato de boomerang, são os elementos visuais mais marcantes.

Macro na personalização

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O novo Micra prova estar em linha com as mais recentes tendências do mercado, ao oferecer uma ampla gama de opções de personalização, que permitem modificar tanto o exterior como o interior.

Para a carroçaria, estão disponíveis 10 cores; acabamentos personalizados em quatro cores para os pára-choques dianteiros e traseiros, saias laterais e caixas dos espelhos; autocolantes de cores contrastantes (aplicados no centro do capot, no tejadilho e no portão traseiro); e jantes de 17” personalizadas.

No habitáculo, é possível optar entre três combinações cromáticas bicolores e por elementos personalizados nos assentos, painéis e apoios de braços das portas, apoio dos joelhos e painel de instrumentos.

Mas não os únicos. Com 3.999 mm de comprimento, 1.743 mm de largura, 1.455 mm de altura e 2.525 mm entre eixos, o novo Micra cresceu 174 mm em comprimento e 78 mm em largura face ao seu antecessor, ao mesmo tempo que é mais baixo 55 mm, por isso se anunciando como o modelo mais largo e um dos mais compridos da sua classe. Atributo que não só beneficia a sua silhueta, como o espaço disponibilizado a passageiros e respectivos pertences.

Na frente nada a apontar, atrás a folga para os joelhos dos ocupantes é bastante razoável e a capacidade da bagageira (uma das melhores da classe) varia entre 300 e 1.004 litros, já que o banco traseiro conta com rebatimento assimétrico na proporção 60/40.

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Ainda no habitáculo, há mais o que mereça uma atenção redobrada. Os materiais macios e suaves, mais agradáveis ao toque, reforçam a sensação de qualidade de um interior acolhedor e que conta com o rigor construtivo por norma (re)conhecido aos fabricantes orientais. A decoração bicolor é harmoniosa e condicente com o estilo exterior, a ergonomia merece apreciação positiva e a posição da condução está isenta de reparos, também graças a amplitude de regulações do banco e do volante. Para guardar pequenos objectos, estão disponíveis diversos espaços de arrumação.

Tecnologia também é trunfo

Para vingar num segmento extremamente competitivo, o novo Micra aposta, também, em soluções tecnológicas de vanguarda, mais habituais em modelos de segmentos superiores, algumas delas em estreia nesta categoria. Como todas as versões montam o radar dianteiro, é de série em todos os Micra da nova geração a travagem automática de emergência, complementada, nas variantes dotadas de câmara dianteira, pelo reconhecimento de peões, pelo sistema de leitura de sinais trânsito, pelo assistente de máximos, pelo alerta de veículos no ângulo morto e pelo sistema inteligente de auxílio à manutenção da faixa de rodagem – que faz aqui a sua estreia na gama europeia da Nissan, alertando o condutor através de uma vibração no volante e recorrendo aos travões para corrigir suavemente a trajectória do veículo, de forma a fazê-lo regressar ao caminho correcto. Do Juke e do Qashqai provém o monitor de visualização de 360°.

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Ainda antes de passar à acção, referência para o sistema de infoentretenimento com ecrã táctil de 7” (oriundo do Qashqai), para o display de 5” montado no painel de instrumentos e para a disponibilização dos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, para espelhamento de smartphones. Exclusivo do novo Micra é o sistema áudio Bose Personal: dotado de evoluídos altifalantes integrados no encosto de cabeça do condutor, e apesar de contar no total com apenas seis altifalantes, garante uma experiência auditiva de 360˚, que coloca o condutor no centro do palco sonoro. Melhor do que descrevê-lo é, mesmo experimentá-lo!

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Só “bonitinho” não chega…

Num modelo que tem como grande objectivo vingar na Europa, a dinâmica só podia ser uma das maiores preocupações de quem o desenvolveu. Para poder oferecer um correcto equilíbrio entre agilidade, divertimento, eficácia, conforto e sensação de segurança, assente num comportamento previsível e confiante em qualquer tipo de traçado, o novo Micra conta com um baixo centro de gravidade, novas suspensões em ambos os eixos, uma elevada rigidez estrutural e um direcção precisa e de resposta rápida. E algo mais, como dois novos sistemas de auxílio à condução: o controlo inteligente da carroçaria (recorre ao motor e aos travões para, através da acção dos amortecedores, minimizar as oscilações longitudinais da carroçaria sentidas, por exemplo, quando o automóvel tem de superar lombas de maiores dimensões) e o controlo inteligente de trajectória (em curva, faz uso dos travões para manter o veículo na trajectória ideal, mesmo que este não esteja ainda em risco de perder a compostura, altura em que passará a intervir o controlo electrónico de estabilidade).

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Preços e níveis de equipamento

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Comercialmente, o novo Micra será proposto com os quatro habituais níveis de equipamento possíveis de encontrar na maioria dos modelos da Nissan: Visia+, Acenta, N-Connecta e Tekna.

Já disponível para encomenda, chega a Portugal em Março (o 1.0 de 73 cv em Maio, disponível apenas nos níveis Visia+ e Acenta), custando, nas versões de acesso 14.500€ com motor 1.0, 15.400€ com motor 0.9 e 19.600€ com motor 1.5 dCi. O nível Visia inclui elementos como ABS, ESP, Chassis Control, sensor de luz, sistema anti-colisão frontal, ar condicionado, rádio com Bluetooth e tomada USB, jantes de aço de 15’’ e limitador de velocidade.

Por mais 650€, o nível Acenta acrescenta a esta lista as jantes em liga de 16”, os faróis de nevoeiro, o ecrã táctil de 7’’ do sistema de infoentretenimento e o volante multifunções. Para aceder ao N-Connecta é necessário dispender mais 650€, passando a dispor-se de ar condicionado automático, sistema Nissan Connect, acesso e arranque sem chave e sensor de chuva.

Por fim, o Tekna obriga a gastar mais 1.500€, oferecendo o sistema de áudio Bose Personal, a câmara de visão 360, jantes em liga de 17”, escudo de protecção inteligente e pack Segurança Plus.

Os órgãos mecânicos, esses, provêm na sua quase totalidade do Clio, o que está longe de ser um handicap. A gama de motores é composta por três unidades, duas a gasolina (que deverão assegurar 75% das vendas em Portugal) e uma diesel: 0.9 turbo de três cilindros e 90 cv, 1.0 atmosférico de 73 cv e 1.5 dCi 90 cv – as duas mais potentes dotadas de sistema start/stop. A caixa é sempre manual de cinco velocidades, mas está já prometido que, durante o seu ciclo de vida, o novo Micra proporá mais motores, assim como uma transmissão automática. Se, tecnicamente, uma versão totalmente eléctrica está fora de questão, já uma variante híbrida é não só possível como está já a ser equacionada, dependendo o seu lançamento apenas da tendência que se venha a manifestar neste segmento, ou seja, da sempre determinante procura…

E ao volante?

Os primeiros quilómetros ao volante do novo Micra foram efectuados num percurso relativamente curto e montanhoso, em estradas da capital da Croácia, a bordo das duas versões de 90 cv. Em ambos os casos, sobram elogios para o bom ambiente a bordo, desde logo garantido por um eficiente isolamento acústico do habitáculo, a que há que adicionar o funcionamento silencioso e suave dos dois motores, em especial o da unidade a gasolina, assim como a pronta resposta de ambos na generalidade das solicitações.

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A sensação de velocidade tende a ser menor do que aquela a que realmente se circula, (lá está!) porque a presença dos motores pouco se faz sentir, se bem que nenhum deles seja especialmente explosivo, antes destacando-se pela progressividade na subida de regime e na entrega de potência. A caixa é muito suave e precisa, e suficientemente bem escalonada para assegurar uma resposta satisfatória e consumos moderados.

Capaz de oferecer um apreciável conforto de marcha, o novo Micra deixou ainda boas primeiras impressões em termos de comportamento, revelando-se ágil, reactivo e fácil de conduzir. Mesmo que não especialmente envolvente, transmite uma elevada sensação de segurança, derivada da previsibilidade das suas reacções, o que não será de somenos quando as pretensões desportivas estão fora da equação. Nota mais para a direcção, bem assistida, suficientemente informativa e com um feeling bastante agradável, e para os consumos, dentro daquilo que se espera de um modelo com estas características.