Uma parte da opinião ficou esta semana escandalizada e até assustada com o ataque da Esquerda ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e à Presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, com as proezas de um bando de idiotas numa universidade qualquer, que impediram Jaime Nogueira Pinto de fazer uma conferência para que aliás fora convidado, e, finalmente, com o veto do primeiro-ministro a Teresa Ter-Minassian, proposta por Carlos Costa e pelo Tribunal de Contas para o Conselho de Finanças Públicas.

Não há razão para surpresas. Esta aliança de “frente popular” não se interessa por salvar ninguém da miséria ou por uma economia paralisada e pobre. Logo do princípio o seu grande objectivo foi ocupar e dominar o Estado, de maneira a nunca ser removida do poder. Uma política que Marcelo, na sua natural ligeireza e esquecido como sempre de que é Presidente, aprecia e jura que está de “pedra e cal” ou mesmo de “cimento armado” para eterna felicidade dos portugueses.

Desde que emergiu das combinações torpes de 2015 o governo só pensa, de facto, em alargar o Estado, revertendo as privatizações de Passos (a TAP e os transportes urbanos, por exemplo), aumentando o funcionalismo público e, agora, restaurando a sua progressão nas carreiras (na prática sempre corporativa, paroquial e automática).

Claro que qualquer instituição independente é para este benemérito regime uma provocação, seja o Conselho de Finanças ou a rede ferroviária. Segundo Jorge Coelho, “quem se mete com o PS leva”. Carlos Costa, Teodora Cardoso e outros réus de autonomia e liberdade própria vão agora levar com um “organismo de cúpula” que os meta na ordem e force a não destoar da mascarada estabelecida. Se a Geringonça durar acabaremos na “democracia diferente”, em que um cidadão ande bem vigiado e em que o governo controle a economia, como a que o dr. Cunhal nos preparava e, no “11 de Março”, esteve quase a impor.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR