Estilo e música, uma combinação por vezes poderosa. Por esse motivo, o Guardian pediu a alguns artistas que comentassem sobre as preferências pessoais no que a moda diz respeito — e como esta ajudou a definir o percurso profissional de cada um. Brett Anderson, Flying Lotus, Anna Calvi e Lily Allen foram alguns dos que responderam e explicaram um pouco melhor qual a relação entre os dois universos.

Brett Anderson
“Não existe tal coisa como não-imagem na música. Mesmo as bandas que dizem não ter uma imagem, bem, essa é a imagem delas. Um visual é parte da magia e da mística por que os fãs gostam de determinadas bandas”, diz Brett Lewis Anderson, um cantor e compositor inglês mais conhecido pelo papel de vocalista na banda Suede. “Não acho que qualquer boa banda seja obcecada pelo estilo. É apenas uma extensão da sua identidade”.

Ao jornal inglês, diz ainda que nos anos 90 o grupo optava por roupas mais baratas, pelo que o estilo retro chic adotado foi mais uma necessidade financeira do que uma escolha coletiva. Para a definição da imagem de Brett Anderson também contou o facto de este ter subido várias vezes ao palco com roupas mais femininas, como blusas — “honestamente, comecei a fazer isso porque as minhas roupas eram sempre rasgadas pelo público”. Agora, aos 47 anos, Brett sente-se afortunado por poder adquirir vestuário mais dispendioso, até porque “à medida que ficamos mais velhos, vestimo-nos melhor”.

Flying Lotus
Se no início o artista rendia-se apenas ao hip-hop, hoje em dia as influências são mais abrangentes, como jazz ou música clássica. O mesmo acontece, explica Flying Lotus, com a roupa.
Ainda em Los Angeles e com pouco dinheiro, tentava seguir as tendências de moda dentro do meio. “Houve um tempo em que todos os miúdos do hip-hop usavam t-shirts brancas e calças largas”, diz. Depois, foi a vez dos jerseys de futebol. Só mais recentemente artistas como Kanye West subiram a faísca, garante. “O hip-hop está a ficar mais interessante porque os artistas estão a assumir mais riscos e a tentar contar histórias diferentes, e isso está relacionado com a moda”.

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Desde o início de carreira que as pessoas da indústria o interrogavam sobre o estilo pessoal, algo a que apenas começou a dar atenção mais recentemente. Ainda assim, admite gostar de coisas simples: camisas, calças e meias pretas, ténis Nike ou Supras. “Estou igualmente interessado em artes visuais e música, e reconheço que as roupas podem ser uma parte importante da performance [musical]”.

Anna Calvi
David Bowie terá sido uma primeira inspiração no que ao estilo diz respeito, e, na verdade, Anna Calvi admite que é à moda masculina que vai buscar mais ideias. “A masculinidade no que uso, para mim, é uma forma de combinar os dois lados de quem sou. Faz-me sentir feminina usar o cabelo para trás e roupas mais severas”, conta ao jornal. A artista diz que é possível usar as curvas do corpo em favor da música e dá o exemplo de quando tinha cerca de 20 anos — “Eu adorava todas as mulheres icónicas dos anos 1950, como Marilyn Monroe, porque esse período acentuava a forma ampulheta”. O facto é que Calvi “brinca” com o que está a usar em determinado momento e assume que as roupas afetam a forma como canta.

https://twitter.com/annacalvi_net/status/510935453227581440

Lily Allen
Um estilo indefinido, algo estranho. É a cantora quem o diz, garantindo que o sentido de moda cresceu lado a lado com diferentes tipos de música — do rock ‘n’ roll dos anos 1970 ao punk da década seguinte. A artista não acorda de manhã com um estilo definido em mente e, por isso, espera que o público não julgue a música pelo aspeto de quem a interpreta.

Ao longo dos anos Lily Allen acumulou várias peças de roupa. Ainda que no início tivesse apenas uma imagem-assinatura, incluindo o “vestido de baile de finalistas”, agora admite ter mais conhecimento e acesso as coisas diferenciadas. “Tive muita sorte em continuar a trabalhar com casas da moda incríveis, como a Chanel, e acho que é por isso que o meu estilo tem crescido”. Diz ainda não ter quaisquer arrependimentos quanto às escolhas de estilo que foi fazendo desde o início de carreira.