A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, criticou o uso da força militar nos conflitos da Palestina, Síria e Iraque, destacando que a intervenção armada já mostrou não ser capaz de solucionar as “causas profundas” desses distúrbios. “O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos”, afirmou a Presidente brasileira, a citar como prova a “persistência da questão palestiniana”, o “massacre sistemático” do povo Sírio, a “trágica desestruturação” do Iraque, bem como a permanência de conflitos na Líbia e na Ucrânia.

No discurso durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, Dilma Rousseff afirmou que a atual geração de líderes mundiais tem sido “chamada” a enfrentar importantes desafios vinculados à paz e à segurança coletiva, mas não tem conseguido dar respostas satisfatórias a esses problemas. “A cada intervenção militar, não caminhamos para a paz, mas sim assistimos ao acirramento desses conflitos, verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e dramas humanitários”, reforçou.

Dilma Rousseff condenou ainda, particularmente, o uso “desproporcional da força” na Faixa de Gaza, reafirmando o apoio brasileiro para a criação de um Estado Palestiniano como solução para o conflito. “Esse conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado como vem sendo”, criticou.

A Presidente brasileira voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, salientando que o próximo ano, quando a organização celebra 70 anos de existência, será o momento propício para uma mudança. “Os 70 anos das Nações Unidas, em 2015, deve ser a ocasião propícia para o avanço que a situação requer. Todos entendemos os graves riscos da paralisia e da inação do Conselho de Segurança”, afirmou, considerando que um conselho “mais representativo” poderá ser também mais efetivo. O Brasil defende há anos a ampliação do número de membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, hoje com dez membros, dos quais cinco rotativos e cinco permanentes (Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido e França).

Ao comentar sobre a economia interna brasileira, Dilma Rousseff admitiu pela primeira vez que a crise internacional atingiu o país, aproveitando o momento para defender também a reforma das instituições financeiras com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). “É imperioso por fim ao descompasso entre a crescente importância dos países em desenvolvimento e a sua insuficiente participação nos processos decisórios das instituições financeiras internacionais”, protestou Dilma Rousseff. A líder brasileira concluiu a afirmação a recordar que o não reconhecimento do maior peso das economias emergentes nas instituições internacionais terá como consequência a queda da eficiência e legitimidade do seu próprio mecanismo, recordando as últimas medidas tomadas pelo grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em julho deste ano, os líderes do grupo de países emergentes, reunidos em Fortaleza, no Brasil, anunciaram a criação de um novo banco de investimento, além um de um fundo de reservas conjuntos para fazer frente a eventuais dificuldades no futuro. Dilma Rousseff foi a primeira a discursar na 69.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, mantendo a tradição iniciada em 1947, quando o então ministro das Relações Exteriores do Brasil Oswaldo Aranha foi o primeiro orador pronunciar-se.

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