E se, passado todo este tempo, descobríssemos que a história sobre a morte de van Gogh está mal contada? Uma equipa forense garante ter indícios que podem deitar por terra a ideia de que o pintor teria cometido suicídio em Paris, em 1890.

Vincente Di Maio é o médico líder da investigação, perito em feridas de balas, que acredita ser impossível o pintor disparado contra o seu peito. O Daily Mail adianta que, segundo o filho do médico de Vincent van Gogh, a ferida do pintor teria uma “auréola castanha e roxa”. Foram estas marcas roxas que fizeram crer na teoria do suicídio, uma vez que os médicos acreditavam dever-se à proximidade com que a bala incidiu no peito. Sendo que as marcas castanhas seriam queimaduras de restos de pólvora.

Hoje sabe-se que as marcas roxas não podem provar nem negar o suicídio. Di Maio explica porquê: “Trata-se de um sangramento subcutâneo provocado pelo corte de alguns vasos pela bala e é normalmente visto em indivíduos que vivem ainda um bocado depois do ferimento. A sua presença ou falta dela não significam nada.”

A principal duvida levantada pelo médico é o facto de ser “extremamente difícil atirar no próprio a partir daquela localização [do lado esquerdo do peito] com a mão esquerda.” Só com a mão direita seria ainda mais difícil, acrescenta, pelo que o mais provável para alguém que intentasse o suicídio seria usar as duas mãos. Além disso, alguém que tivesse pegado na arma daquela maneira e àquela distância teria que ter queimaduras, e não há nenhuma referência a isso nos documentos da altura.

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Desta forma, a conclusão do especialista foi perentória: “É minha opinião que, de acordo com todas as probabilidades médicas, a ferida de van Gogh não foi provocada por ele. Por outras palavras, ele não atirou nele próprio.”

O jornal britânico Daily Mail reuniu já alguns dados da época que parecem ir ao encontro da teoria do médico. Como o facto de o pintor ter encomendado mais telas — o que pode significar que não tinha intenções de se matar.

Já em 1930 o académico John Rewald perguntou aos residentes que eram vivos na altura da morte o que eles sabiam. Alguns disseram que van Gogh terá sido apanhado por um tiro de um grupo de “jovens rapazes” mas que foi protegida a sua identidade, alegando-se um suicídio. Há, porém, um século de história dando o suicídio como certo. 134 anos depois, será possível provar o contrário?