Um museu suíço afirmou esta segunda-feira que aceitará albergar um espólio de cerca de mil obras de arte acumuladas durante a era nazi, comprometendo-se a devolvê-los aos donos legítimos.

A decisão foi anunciada numa conferência de imprensa em Berlim e abrange pinturas e desenhos de valor inestimável de Picasso, Monet, Chagall e outros mestres que foram descobertos por acaso, em 2012, no apartamento de Munique de Cornelius Gurlitt.

Gurlitt, que morreu no maio passado aos 81 anos, era filho de um comerciante de arte encarregado pelo líder nazi, Adolf Hitler, de ajudar à pilhagem de grandes obras de museus e colecionadores judeus, muitos dos quais morreram nas câmaras de gás.

Christoph Schaeublin, presidente do Conselho de Curadores no Museu de Belas Artes de Bern, comprometeu-se a trabalhar com as autoridades alemãs para garantir que “todas as obras saqueadas na coleção são devolvidas” aos seus legítimos proprietários.

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No decurso de uma investigação fiscal, 1.280 obras foram encontradas na casa de Gurlitt em Munique. Além disso, outras 300 obras foram descobertas noutra casa da sua propriedade em Salzburgo.

Embora nunca tenha sido acusado de um crime, as autoridades alemãs confiscaram todas as peças de Munique e armazenaram-nas num local segreto.

Gurlitt atingiu um acordo com o governo alemão pouco antes da sua morte para ajudar a rastrear os legítimos proprietários das pinturas, mas legou as obras ao museu de Berna.

Após seis meses de negociações, a ministra da Cultura alemã, Monika Gruetters, acordou com o museu suíço que se comprometeria a devolver as obras saqueadas aos descendentes judeus “o mais rapidamente possível “.

“Estamos no início, não no fim, de um longo caminho”, admitiu.