A antiga eurodeputada do PS Edite Estrela e o ex-ministro das Obras Públicas Mário Lino defenderam esta terça-feira que as provas contra José Sócrates deveriam ser divulgadas e disseram acreditar na inocência do ex-primeiro-ministro.

“Não conheço o processo. Agora, gostaria de saber quais são as provas que existem. Deveriam ser divulgadas e ainda não foram”, afirmou Edite Estrela à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, onde visitou o ex-primeiro-ministro, acompanhada de Mário Lino.

Perante a insistência dos jornalistas, a antiga eurodeputada limitou-se a dizer que acredita na inocência de José Sócrates e que foi visitar um amigo de quem gosta muito e cuja detenção considera que é “injustificada”.

Ao seu lado, Mário Lino manifestou-se preocupado, porque disse constatar que “uma pessoa pode ser presa preventivamente sem se saber porquê”.

“É um facto. Nem o próprio sabe”, referiu o antigo ministro do Governo de José Sócrates, realçando que o ex-primeiro-ministro “diz que não foram apresentados nenhuns factos”.

“Eu não sou jurista nem estou a discutir o código de processo penal. Estou a dizer que não faz sentido que uma pessoa possa ser presa, no século XXI, numa democracia, sem se saber porquê”, reforçou.

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Mário Lino mostrou-se “convicto que ele [José Sócrates] está inocente” e disse esperar que o antigo líder socialista abandone a prisão “o mais rapidamente possível”.

Questionado pelos jornalistas se se trata de um caso político, Mário Lino respondeu: “Não sei se é político se não é, eu gostava era que a justiça fosse mais transparente para os cidadãos”.

“Eu acho que prender uma pessoa é uma coisa muito grave e que só se deve prender quando há provas e elas ainda não foram apresentadas”, assinalou.

Sobre a prisão preventiva de José Sócrates para evitar possíveis perturbações do inquérito, o ex-governante afirmou que “o inquérito está a ser perturbado todos os dias mas é pelas fugas de informação”.

José Sócrates está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transações financeiras no valor de vários milhões de euros.

A 21 de novembro, o antigo líder do PS e ex-primeiro-ministro foi detido e, após interrogatório judicial, ficou em prisão preventiva, por o juiz considerar existir perigo de fuga e de perturbação da recolha e da conservação da prova.