27 de janeiro de 1945. O dia em que o Exército Vermelho libertou o campo de extermínio nazi de Auschwitz foi instituído por vários países como o Dia Internacional da Memória do Holocausto. 70 anos depois, o Teatro Nacional de São Carlos recebe aquela que será uma das maiores celebrações da data em Portugal, com um recital com obras que o compositor Viktor Ullmann criou no campo de concentração onde foi colocado pelos nazis. Segue-se a exibição do filme “Noite e Nevoeiro”, de Alain Resnais, com acompanhamento musical ao vivo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e narração de Luís Miguel Cintra.

O evento extra adicionado à temporada do Teatro São Carlos está marcado para a noite de 26 de janeiro, às 21h00, na sala principal, já que no dia 27 o teatro recebe uma ópera de Zarzuela. “Vamos fazer de uma maneira muito curiosa”, adiantou ao Observador o pianista Adriano Jordão, do Conselho de Administração do OPArt. A noite começa com um recital da soprano alemã Juliane Banse que, acompanhada pelo pianista João Paulo Santos, vai cantar a peça op. 90 do pianista e compositor do século XIX Robert Schumann.

“Neste pequeno recital programático, o tema não é a musica mas a essência das palavras”, disse Adriano Jordão. Depois de Schumann, segue-se a op. 17, que o compositor e pianista judeu Viktor Ullmann compôs no campo de concentração de Terezin, na República Checa, para onde foi deportado pelos nazis em 1942.

A seguir ao momento musical projeta-se o documentário “Noite e Nevoeiro”. Alain Resnais realizou este filme de 32 minutos sobre o Holocausto a pedido do Comité da História da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de comemorar o segundo aniversário da libertação dos campos de concentração. O que o realizador francês falecido em 2014 produziu é um documento histórico que serve para lembrar as atrocidades cometidas pelos nazis. A banda sonora do filme, composta por Hanns Eisler, vai ser tocada ao vivo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e ainda vai contar com narração de Luís Miguel Cintra.

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A ideia partiu do embaixador da Áustria, ainda Pinamonti era o consultor artístico do São Carlos. “Achei muito interessante. O Teatro Nacional de São Carlos não é uma sala de espetaculos normal, mas tem obrigações culturais e sociais muito importantes por isso decidimos correr o risco de fazer o evento”, disse Adriano Jordão.

Temporada 2014 / 2015 está assegurada até junho

Depois do início da temporada sinfónica no passado domingo, com o Concerto de Inverno da Orquestra Sinfónica Portuguesa no CCB, dirigida por Joana Carneiro, a 22 janeiro dá-se o reinício da temporada lírica, com “Los Diamantes de la Corona”, a versão espanhola da ópera homónima de François-Esprit Auber com produção do Teatro da Zarzuela, de Madrid.

Entre 21 de fevereiro e 1 de março é “Macbeth” que sobe ao palco do São Carlos. A ópera em quatro atos do compositor italiano Giuseppe Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave, vai ser protagonizada pela portuguesa Elisabete Matos. Em março, as famílias podem ver juntas “La Cenerentola”, baseado no conto de fadas “A Cinderela”, de Charles Perrault. Destaque ainda para “The Rake’s Progress”, ópera em três atos de Stravinsky aqui com encenação de Rui Horta e direção musical de Joana Carneiro, que se vai poder ver entre 29 de maio e 6 de junho.

A próxima edição do Festival ao Largo também já foi confirmada. Com início a 3 de julho, o evento gratuito que junta ópera, música e bailado vai incluir a participação da maestrina Joana Carneiro e da jovem pianista russa Svetlana Andreeva, vencedora da 14.ª edição do Concurso Internacional de Piano Sua Alteza Real a Princesa Lalla Meryem, que decorreu no início de novembro de 2014, em Rabat, e que se apresentará ao lado da Orquestra Sinfónica Portuguesa.