A Alemanha opõe-se à ideia de acabar com a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI), opção que parece estar a ser preparada na Comissão Europeia como concessão política ao recém-eleito primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, escreve esta segunda-feira o El País, o mesmo jornal que havia revelado os planos da Comissão.

“Não há nenhuma razão para desistirmos deste mecanismo que já tem provas dadas”, disse um porta-voz de Angela Merkel, citado pelo jornal espanhol. Além de Merkel, também o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, mostrou ceticismo sobre o fim da troika, com a sua equipa a sublinhar que o mecanismo está incluído nos acordos assinados para pôr em marcha o fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilidade e que esses acordos não podem ser modificados de forma unilateral.

No domingo, o El País deu conta que a equipa do Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, estava a estudar a hipótese de acabar com a parceria com o FMI e o BCE como moeda de troca caso Alexis Tsipras respeite os compromissos. Esta solução só avançará se Grécia e União Europeia chegarem a um acordo para a solução pós-fim do resgate, que acontece no final deste mês. A possibilidade em estudo é a de um programa cautelar sem a entrada do FMI.

Depois de o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, ter dito, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que a Grécia não negociaria com a troika, mas apenas com os “parceiros legítimos”, Alexis Tsipras suavizou o discurso e disse ter intenção de respeitar os compromissos assumidos com o FMI e o BCE.

No jogo de forças entre Angela Merkel e Alexis Tsipras, Merkel afasta o perdão da dívida grega, que está nas intenções e Tsipras. Mas apesar disto, escreve o El País, poderá haver cedências. De acordo com o diário alemão Handelsblatt, o Governo alemão pode estar disponível para reformar o mecanismo da troika, suspendendo, por exemplo, as viagens dos funcionários a Atenas, sentidas na capital grega como verdadeiras humilhações.

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