Quando, em janeiro de 2012, o então ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, lançou a célebre ideia de internacionalizar o pastel de nata, não pecou tanto pelo potencial da proposta em si — apesar das críticas, houve até quem tivesse pensado nela antes — como pela falta de originalidade na escolha do doce. É que pastéis de nata, melhores ou piores, já se comem por esse mundo inteiro há décadas, graças à diáspora. Sendo a doçaria nacional tão profícua em extraordinárias criações, o ministro podia ter escolhido algo mais requintado em vez de requentado: uns travesseiros da Piriquita, por exemplo. Hoje, onde quer que esteja, Álvaro corria o risco de ser considerado um visionário.

Sintra, 04/09/2014 - Reportagem na Pastelaria Piriquita, para a página das empresas - 150 anos DN. Na foto: entrada da Pastelaria Piriquita. (Carlos Manuel Martins/Global Imagens)

A Piriquita original, em Sintra, na Rua das Padarias.
(foto: © Carlos Manuel Martins / Global Imagens)

E isto porquê? Porque a histórica pastelaria sintrense, que começou por ser uma fábrica de queijadas mas que se celebrizou graças ao bolo de massa folhada, açúcar, doce de ovos e amêndoa em forma de almofada — o tal travesseiro — vai, ao fim de mais de 150 anos de história, expandir o negócio além Sintra. E além Portugal.

De Sintra para Cascais e de Cascais para o mundo

O primeiro sinal desta estratégia de expansão da Piriquita está no número 266 da Rua Frederico Arouca (vulgo Direita), em Cascais. Abriu há cerca de um mês e é a estreia da marca fora de Sintra. Por ela responde Pedro Silva Neves, de 40 anos, o novo investidor de uma empresa até aqui exclusivamente familiar. “Em outubro vamos abrir uma loja no centro de Lisboa. Depois vamos apostar noutras cidades do país e em termos internacionais também“, revela.

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Um pormenor da nova Piriquita de Cascais (foto: facebook.com/pastelaria.piriquita)

Mas não se pense que a estratégia de expansão da Piriquita se limita a replicar a casinha amarela do centro histórico de Sintra noutros locais. Nada disso. Como explica Pedro Neves, “cada loja vai ter uma arquitetura própria e, dependendo do sítio, venderá produtos adequados aos clientes que a procuram“. Explica-se assim porque é que em Cascais há — para além dos travesseiros, queijadas, pastéis de Sintra e da Cruz Alta — cerveja artesanal, vinhos e até petiscos variados: dos mexilhões aos ovos mexidos com ovas de ouriço-do-mar.

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Contíguo à loja, que tem esplanada, está um simpático pátio recuperado, onde, para já, apenas se servem jantares. Ou seja, nesse mesmo pátio ainda não se podem provar os magníficos travesseiros. Estes, apesar de continuarem a ser produzidos na fábrica de sempre (e com a receita de sempre), em Sintra, chegam várias vezes por dia a Cascais, tornando possível apanhá-los na montra ainda quentes.
E isso é tudo o que interessa.

Nome: Piriquita
Morada: Rua Frederico Arouca, 266, Cascais
Telefone: 21 483 4367
Horário: De quarta a segunda, das 9h30 à 00h. Às sextas e sábados encerra às 02h