A turbulência no cenário político grego continua, desta vez com uma guerra de palavras sem precedentes entre o Governo demissionário, a presidente do Parlamento e o Presidente da Grécia, estes dois últimos nomeados pelo Executivo de Alexis Tsipras.

Na quinta-feira ao inicio da noite na Grécia, Alexis Tsipras anunciava ao país que ia avançar com o pedido de demissão do seu Governo para que se realizassem eleições antecipadas. O seu mandato estava esgotado, dizia, depois de aceitar um terceiro resgate, e todas as medidas que ele traz consigo.

Na sexta-feira, na sequência do pedido de demissão, a ala radical do Syriza anunciou que ia avançar para a formação de um partido próprio. Panagiotis Lafazanis, o ex-ministro da Energia que planeou secretamente tirar a Grécia do euro (plano que envolvia a apreensão da reserva de nota do banco central e, em caso de desobediência, a prisão do governador) levava consigo mais 24 deputados que estavam contra as recentes decisões de Tsipras. Yanis Varoufakis e a presidente do Parlamento não o acompanhavam.

Ainda assim, a sempre polémica Zoe Konstantopoulou, presidente do Parlamento e membro do Syriza, volta a estar na origem de uma acesa discussão. A responsável tem tentado bloquear a realização de eleições antecipadas usando procedimentos parlamentares e considera que a votação não é “democrática e é inconstitucional”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Zoe Konstantopoulou acusou o Presidente da Grécia de não cumprir os requisitos parlamentares para tentar apressar as eleições antecipadas, numa altura em que se cumpre o último dia para que a Nova Democracia possa tentar formar Governo (a Constituição grega dá três dias a cada partido para tentarem formar Governo em caso de demissão do Executivo).

O Presidente da Grécia, Prokopis Pavlopoulos, respondeu à líder do Parlamento grego dizendo que as suas acusações não têm qualquer base legal. Pavlopoulos foi ministro e deputado pela Nova Democracia, mas foi escolhido pelo atual Governo e aprovado no Parlamento.

Agora foi a vez de o Governo demissionário de Alexis Tsipras dar troco à presidente do Parlamento e membro do seu partido. O Executivo acusa Zoe Konstantopoulou de se “comportar como uma ditadora”.

Zoe Konstantopoulou tem sido uma das mais ferozes parlamentares a opor-se ao resgate e tem votado sempre contra as propostas de Alexis Tsipras. Como presidente do Parlamento, usando por várias vezes expedientes parlamentares para tentar evitar que as leis necessárias para que os credores aprovassem o terceiro resgate fossem votadas. As suas ações obrigaram a que fossem realizadas pelo menos três votações durante a madrugada, algumas delas muito perto do prazo limite para se aprovarem as medidas.

A presidente do Parlamento não é novas nestas polémicas. Para além das acusações ferozes, aos líderes europeus e ao líder do seu próprio partido, Zoe Konstantopoulou tomou decisões polémicas como proibir a polícia de choque de usar as casas de banho do Parlamento, apesar de estarem a proteger o edifício durante as manifestações regulares que acontecem na Praça Sintagma.