Depois de em 2012 ter fechado as portas do restaurante Manifesto e arrancado para Londres, onde esteve à frente do Notting Hill Kitchen, Luís Baena voltou a Lisboa e a assinar a carta de uma casa da cidade. Chama-se Mesa do Bairro e abriu há cerca de duas semanas no antigo Mercado do Arco do Cego, no bairro homónimo. Não se espere, contudo, encontrar por lá as criações inovadoras e bem-humoradas a que o chef foi habituando o seu público — da Bola de Berlim Salgada (com recheio de sapateira) e do McSilva (hambúrguer de bacalhau) da Quinta de Catralvos, em Azeitão, ao Culombo (dois medalhões de novilho, do rabo e do lombo) do Manifesto, entre outros.

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A garrafeira permite consumir uma garrafa de vinho no restaurante a preços bem competitivos, mesmo com a taxa de rolha (6€) incluída. (© Tiago Pais / Observador)

No Mesa do Bairro, pelo contrário, a cozinha parece saída de um compêndio de Maria de Lourdes Modesto, tal o tradicionalismo da oferta, seccionada em entradinhas, sopas, pratos de peixe, carne e sobremesas. A falta de toque de autor tem, no entanto, explicação — Baena é apenas chef consultor do restaurante, função que já desempenhava no outro espaço do mesmo grupo de sócios, o de Montes Claros, em Monsanto, disponível apenas para eventos. Assim, não será de estranhar que do menu constem petiscos clássicos — ovos verdes, salada de orelha e pataniscas, entre outros –, uma sopa de peixe, bacalhau à lagareiro, açorda de tamboril com camarão e vários tipos de bifegrelhado, pimentaà marrare, ou à portuguesa –, entre outras propostas da terra e do mar.

Não quer isto dizer que o espaço não tenha motivos de interesse. Porque tem. A começar pelo respetivo conceito, que une a vertente restaurante à de garrafeira. Ou seja, o cliente pode comprar um vinho — a preços de garrafeira — no piso térreo, e consumi-lo à refeição mediante o pagamento de uma taxa de rolha de 6€. “Tudo começa por aqui”, explica Ana Carrilho de Almeida, uma das responsáveis pelo espaço. E a afirmação não foge à verdade, de facto, já que a porta de entrada dá acesso, precisamente, à garrafeira. Ainda nesse piso há uma sala de refeições privada, para grupos, que funciona à porta fechada, com televisão e bar de apoio próprios. Os menus para este tipo de jantares variam, segundo Ana, entre os 20 e os 30€ por pessoa, dependendo, literalmente, da vontade (e da fome) dos fregueses.

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As enormes janelas dão muita luz à sala principal, decorada em tons de madeira.
(© Tiago Pais / Obsevador)

O piso superior, onde fica o restaurante propriamente escrito, divide-se em dois: uma sala interior, decorada em tons de madeira, com grandes janelas e um terraço amplo, com vista para a vizinha sede da Caixa Geral de Depósitos. É esse terraço, precisamente, a grande mais-valia do espaço, pelo menos enquanto a meteorologia o for permitindo. “Com a mesa cá fora, o resto é conversa“, sugere o toldo colocado no bar. E ali a conversa pode estender-se para lá do horário das refeições, já que este espaço funciona continuamente, sem interrupções, “com cinco ou seis petiscos da carta e tostas originais, além do serviço de bar”, explica Ana.

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O mote “com a mesa cá fora, o resto é conversa” aplica-se às refeições e não só, já que o terraço fica em funcionamento durante a tarde. (© Tiago Pais / Observador)

Apesar de tudo estar a correr sobre rodas — “o terraço tem estado cheio, já tivemos de recusar pessoas ao jantar“, conta a responsável — o Mesa do Bairro ainda está em soft opening. Quer isto dizer que mais novidades surgirão nos próximos tempos — horário alargado ao domingo e à segunda-feira, oferta de pratos do dia e, quem sabe, mais tarde, jantares especiais (e periódicos), aí sim, com o dedo criativo de Baena. Promete.

Nome: Mesa do Bairro
Morada: Rua Reis Gomes (Campo Pequeno)
Telefone: 21 847 0268
Horário: De terça a sábado das 12.30 às 15.30 e das 19.30 às 23h. O terraço e a garrafeira funcionam em horário contínuo.
Preço médio: 20€
Reservas: Aceitam