“Drinking’ white rum in a Portugal Bar.” Talvez não tenha sido este o verso que lhe valeu a atribuição do Nobel da Literatura, mas a frase autobiográfica conta a história da vez que o laureado Bob Dylan — com quem a Academia ainda não conseguiu falar — esteve em Portugal e apanhou uma valente intoxicação alimentar.

Estávamos em 1965 quando o cantor passou umas curtas férias no país do escritor José Saramago (que levou o Nobel para casa em 1998). Não se sabe ao certo qual o destino de eleição, se a norte, centro ou sul de Portugal, mas ninguém questiona a então companhia do cantor — a viagem foi feita lado a lado com Sara Lownds, com quem Dylan se casaria e teria quatro filhos.

Sara foi uma inegável fonte de inspiração para o artista, que a homenageou em mais do que um tema. Um dos exemplos máximos dessa influência encontra-se na canção “Sara”, que faz parte do álbum “Desire” lançado em 1976. E é nas suas entrelinhas que se encontra o tal verso autobiográfico que descreve o momento em que Dylan esteve num bar português, possivelmente sentado ao balcão e garantidamente com um copo de rum na mão.

Há mais provas dessa curta estadia por terras lusas, ainda que não sejam tão agradáveis como a bebida alcoólica que o artista decidiu cantar. Em abril de 2012, o jornal britânico The Guardian dedicava um artigo à genialidade de Bob Dylan e, para a explicar, contou o episódio da inconveniente intoxicação alimentar que este apanhou em solo luso.

Escreve o jornal que o mal-estar, sentido já Dylan estava em Londres, deixou-o preso à cama durante uma semana, tempo mais do que suficiente para refletir sobre a carreira. Foi aí que o cantor se apercebeu de como estava exausto, a “tocar imensas canções que não queria cantar”, tal como chegou a confessar. “É muito cansativo ter outras pessoas a dizer o quanto gostam de ti quando tu próprio não gostas.”

Depois desse episódio Dylan disse ao manager que queria abandonar a indústria da música e refugiar-se em Woodstock, Nova Iorque. Mas calma, a vinda a Portugal não trouxe consequências de maior ou, pelo menos, negativas. Tal como diz o The Guardian, todo o processo criativo começa com um problema e o sentimento de frustração foi parte dessa viagem — nem de propósito, foi durante a recuperação que Dylan escreveu “Like a Rolling Stone”, uma das suas canções mais conhecidas.

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