Desce, desce Wi-Fi desce

Desculpa, Paddy. No dia em que Lisboa se “tornou a tua casa”, não te queria falar de Dublin, mas vou falar de Dublin. E dos problemas de internet que lá tive no ano passado. Lembras-te? Eu sei, eu sei. Os problemas com o Wi-Fi irlandês foram um dos motivos que te levaram a querer mudar a Web Summit de sítio. Escolheste Lisboa. Tínhamos as infraestruturas, a comunidade vibrante, o apoio do Governo. Eu sei Paddy, eu sei. Isto ainda agora começou, vamos ter calma, amanhã logo se vê. Mas repara, se calhar ainda não foi desta que a Web Summit – a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia da Europa – se livrou dos problemas de rede. Pelo menos de vez.

Foi o dia zero (eu sei, Paddy). Sei que quando quiseste fazer um live streaming no palco do MEO Arena, estavas ligado a outra rede, que não à Portugal Telecom. (Era a Vodafone, disseste mais tarde). Mas ficámos todos a olhar para ti à espera que carregasses no botão. Adiámos o botão. O meu computador também adiava o refresh das páginas. Mas é como te disse, isto foi só o dia zero – e o MEO Arena esgotou. Eu sei, Paddy. Éramos tantos num país tão pequeno. É como disse há pouco: amanhã logo se vê. Se na sexta-feira não voltar a falar nisto, é porque, afinal, foi só mesmo o dia zero, Paddy. E eu já esqueci.

Sobe, sobe Portugal sobe

Não tinhas a internet de banda larga a 100%, mas foi bonito o que fizeste Paddy. Pediste aos portugueses presentes no MEO Arena para levantarem os braços. Chamaste-os ao palco. Subiram todos. Eu acho que me arrepiei. É que eu estive em Dublin, no ano passado. Lembras-te? E, quando vejo dezenas de empreendedores portugueses em cima do palco que tantos cobiçam, digo sem rodeios que foi bonito, Paddy. Foi bonito. A contagem decrescente que fizeste com o primeiro-ministro António Costa e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, deixaram no ar aquele nervosinho – de quem não sabe o que vai acontecer a seguir, mas sabe. Só não sabia que ia haver ‘confetti’.

Pena das três mil pessoas que ficaram cá fora a ver pelos ecrãs gigantes Paddy. Pena, porque foi bonito. E elas mereciam ter visto. Desta vez, ninguém subiu ao palco para falar de Portugal como o país do sol e do surf, mas para falar de rock, que é como quem diz, de talento. Confuso? Não. É que o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, tinha razão. Ele diz que costuma ir ao MEO Arena ver concertos (eu também), mas que para ele as verdadeiras estrelas de rock deste país são os programadores, os engenheiros, os empreendedores. Talento, Paddy. Talento. Se houver sol e surf, melhor. Mas precisamos de quem toque estas guitarras, Paddy. Precisamos disso. E de Wi-Fi.

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