O dirigente socialista Porfírio Silva defende que a esquerda têm de “pensar numa agenda para a década”, mostrando ao país que é tão capaz como “os outros” de garantir a estabilidade governativa.

Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), o membro do Secretariado Nacional do PS e dirigente próximo de António Costa exclui as eleições autárquicas do âmbito do acordo, para que não prejudique “a eficácia, a solidez e a estabilidade da maioria parlamentar”.

“Temos de aumentar a ambição. E isso para mim significa responder a esta pergunta: que legado queremos deixar ao país ao fim de duas legislaturas? Estou a pôr a questão em termos de ambição estratégica”, acentua.

E continua, dando exemplos: “Em vez de pensarmos em termos anuais — Orçamento de Estado – , temos de pensar ao nível do Programa Nacional de Reformas”.

“E até diria, voltando aos nossos próprios termos: precisamos de pensar numa agenda para a década, a esquerda tem de pensar numa agenda para a década. Precisamos de pensar estrategicamente a mais longo prazo”, salienta.

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Porfírio Silva aponta os casos da correção das “desigualdades excessivas” no país para justificar a sua posição: “Alguém pensa que se pode dar uma solução sustentada e duradoura apenas numa legislatura? Provavelmente não”, conclui.

Para o dirigente do PS, “a esquerda deve mostrar ao país que é tão capaz de dar estabilidade governativa como os outros”.

Na entrevista ao DN, Porfírio Silva admite que “era um dos que defendiam” que “era mais interessante ter um governo com todos do que um governo só do PS e uma maioria parlamentar plural”, embora entenda que há “aspetos positivos” em haver um executivo apenas socialista.

O membro do Secretariado Nacional do PS indica a questão da Europa como um dos temas que os socialistas “não podem ignorar” e que exige “outro tipo de conversa”.

“O PS tem uma aposta na Europa que não é partilhada da mesma maneira nem pelo BE nem pelo PCP. É uma questão central da estratégia do país”, sustenta.

Porfírio Silva diz ainda acreditar que “a esquerda nunca dará a mão à direita para derrubar um dos parceiros da esquerda”.