No recente Salão de Detroit, não faltaram os automóveis exuberantes nas formas, sofisticação tecnológica ou potência pura, com uma capacidade de aceleração a condizer. Mas, curiosamente, foi um automóvel chinês, que nada tinha de bonito ou sofisticado, a ser um dos mais fotografados pelos visitantes. E as suas objectivas estavam focadas na placa onde figurava o nome do construtor: Trumpchi. O que, convenhamos, pode ser comercialmente muito interessante – ou um verdadeiro pesadelo – num país liderado pelo Presidente Trump.

A Trumpchi nasceu em 2010, numa altura em que o gigante chinês Guangzhou Automobile Group (GAC) Motor, seu proprietário, achou que era necessário um nome que ficasse mais no ouvido do que Chuanqi, a marca até aí utilizada. A explicação avançada pelos responsáveis do grupo oriental não tranquilizou o espírito dos mais cépticos, sobretudo quando admitem que Trumpchi é exactamente o que parece, ou seja, a junção de duas palavras: Trump, de Trump, e Chi, de China.

Os chineses ainda se defendem afirmando que, em 2010, não poderiam adivinhar que Donald Trump iria ser eleito, mas não é menos verdade que, já à época, ele era um conhecido empresário com negócios em todo o mundo e uma “estrela” de programas de televisão e concursos de beleza. Como se não bastasse, a justificação avançada pela GAC Motor, que Trump se destinava a passar a mensagem de “trump its competitors”, tão pouco torna a redenominação deste construtor de automóveis mais verosímil.

Polémicas à parte, a Trumpchi foi a marca chinesa que mais cresceu em 2016 e prepara-se já para assaltar o mercado americano, o segundo maior, depois da China. E já esteve presente no Salão de Detroit, com o GA5, cuja base é, por estranho que pareça, o velho Alfa Romeo 166, que o construtor italiano deixou de produzir em 2007, por estar ultrapassado, mas que para a Trumpchi está na flor da idade.

Na exposição americana, o GA5 atraiu grande curiosidade, mas apenas pela parte que diz respeito ao emblema e nome do construtor, pelas semelhanças com o Presidente dos EUA. Questionado pela Reuters sobre a possibilidade de comercializar a berlina familiar sob a marca que parece brincar com o nome do líder americano, o presidente do GAC Motor, Feng Xiangya, começou por responder que sim, que a ideia era vender nos EUA sob a marca Trumpchi. Mas, uma vez no Salão de Detroit e perante a elevada e crescente contestação a Donald Trump, acabou por assumir estavam “seriamente a pensar analisar a escolha de um novo nome”.

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