O álbum “Misfit”, com o qual The Legendary Tigerman aprofundou a relação com o rock’n’roll, o cinema, a fotografia e um imaginário norte-americano, sai no próximo dia 19 e servirá uma nova digressão internacional. Paulo Furtado, que encarna há quase vinte anos o alterego The Legendary Tigerman, recordou, em entrevista à agência Lusa, que “Misfit” foi composto durante uma viagem aos Estados Unidos com o realizador Pedro Maia e a fotógrafa Rita Lino.

Na altura fizeram um filme, “Fade into nothing”, que serviria de inspiração, juntamente com a própria viagem, para a composição dos temas novos. Paulo Furtado voltou aos Estados Unidos mais tarde, já com os músicos Paulo Segadães e João Cabrita, e gravou o álbum no estúdio Rancho de la Luna, em Joshua Tree, Califórnia.

“Escrevi todas as canções enquanto estava em rodagem e dentro desta mentalidade do ‘misfit’ [desenquadrado]. Quando usas uma máscara continuas a ser tu que está por detrás dessa máscara. A maior parte das coisas foram escritas por mim, com os diários, que se cruzavam com as letras”, contou.

Além da inspiração que retirou desses dias de rodagem, Paulo Furtado sublinhou a importância de passar por aquele estúdio no deserto, do arranjos lá criados e dos instrumentos descobertos e utilizados, e que moldaram o som que é hoje praticado por The Legendary Tigerman.

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Influenciado pelos blues americanos, pelo punk e pelo rock’n’roll, Paulo Furtado admitiu que só agora quis gravar nos Estados Unidos, por receio de redundância e de não ter certezas absolutas da linguagem que queria seguir. “Precisei destes anos para ter essa certeza”, disse.

Com “Misfit”, o ‘one man band’ “continua mais ou menos mascarado” no meio deste trio, com o baterista Paulo Segadães e o saxofonista João Cabrita, e que se alarga a quarteto, ao vivo, com o baixista Filipe Rocha.

“Passámos o verão a ensaiar e depois tentámos adaptar a minha sonoridade, para não perder o que tinha de característico e respeitando o formato deste tipo”, disse.

“Misfit”, que já está disponível há algumas semanas em ‘streaming’ no Spotify, terá uma edição física acompanhada do DVD “Fade into nothing”, o filme que desencadeou este novo universo habitado de Legendary Tigerman.

Este ano haverá ainda um livro com fotografias de Rita Lino e a banda sonora do cine-concerto “How to become nothing”.

Com “Misfit”, que sucede a “True” (2014), Paulo Furtado andará em digressão durante o próximo ano e meio, a começar por França, já no final de janeiro, depois com dois meses de concertos por Portugal, antes de nova saída para outros palcos europeus.