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Estrasburgo. Continua a caça ao atirador que gritou "Alá é grande!" enquanto disparava sobre a multidão

Este artigo tem mais de 5 anos

Atirador gritou "Alá é grande" enquanto abria fogo junto a mercado de Natal de Estrasburgo. Está em fuga. Ataque fez dois mortos e 13 feridos, um está em morte cerebral. Quatro pessoas foram detidas.

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Dois mortos e 13 feridos, seis dos quais em estado grave (um deles está em morte cerebral). Este é o balanço oficial mais recente das vítimas do ataque em Estrasburgo, que tinham entre os 20 e os 65 anos. Mantém-se o alerta máximo de segurança, por risco de atentado, em todo o território francês, mas as medidas mais restritivas de contenção na cidade foram levantadas. As autoridades aconselham, no entanto, que cada pessoa fique vigilante e siga as ordens de segurança. O atacante ainda continua fugido, decorre uma operação policial para o capturar — há 350 polícias envolvidos, incluindo elementos da brigada anti-terrorismo — e já foram detidas quatro pessoas “próximas” do suspeito.

Numa entrevista ao início da tarde, o procurador-geral da República, Rémy Heitz, confirmou que o homem terá sido radicalizado e gritou “Allahu Akbar!” (Alá é grande!) enquanto disparava indiscriminadamente sobre a multidão. “Tendo em conta o sujeito, a sua forma de operar, o seu perfil e os testemunhos daqueles que o ouviram gritar ‘Allahu Akbar’, a política anti-terrorista foi chamada a intervir neste caso”, confirmou Rémy Heitz.

O procurador-geral explicou ainda o porquê da confusão desta manhã como o número de mortos do ataque — o balanço oficial da prefeitura do Baixo Reno chegou a contabilizar dois mortos, em vez dos iniciais três, para depois corrigir de novo o número. Rémy Heitz precisou agora que existem “dois mortos e uma pessoa em morte cerebral”. 

Quanto ao nível de ameaça, o procurador-geral disse que “ainda é muito real” e detalhou que quatro pessoas próximas do atirador já foram detidas. Confirmou que o atacante “era bem conhecido pela polícia, especialmente por situações de roubo e de violência”, mas também pela sua “radicalização”. Chérif C e Heitz avançou ainda pormenores da sua fuga, depois do ataque, contando que o atirador “fugiu num táxi” e que o motorista “foi coagido” a transportá-lo até ao distrito de Neuhof, em Estrasburgo. Nessa altura, o homem de 29 anos já estava ferido, depois de uma troca de tiros com a brigada Sentinela.

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[Veja no vídeo a homenagem que cinco mil adeptos franceses fizeram às vítimas do tiroteio]

Foi o testemunho do taxista que permitiu identificar o suspeito que continua em fuga. A polícia nacional já fez circular alguns alertas, através das redes sociais, para que as pessoas tenham cuidados especiais nesta altura. Neste tweet, por exemplo, pede às pessoas que não sinalizem a presença de forças de segurança para “não arriscarem ajudar o fugitivo”. 

Como tudo começou e a caça ao homem

Um atirador abriu fogo perto de um mercado de Natal em Estrasburgo, em França. O incidente aconteceu pelas 20h (19h em Lisboa) desta terça-feira na Rue des Orfèvres, perto da praça onde se realiza anualmente o Mercado de Natal de Estrasburgo. Um dos pontos altos das comemorações natalícias da cidade, a iniciativa acontece sempre na Place Kléber e atrai todos os anos milhões de turistas ao centro da cidade.

O procurador-geral já confirmou, em conferência de imprensa, que o atacante usou uma arma de fogo e também uma faca neste ataque. E, em declarações à rádio France-Inter, a secretária de Estado do Interior, Laurent Nunez, disse que “não pode ser descartada” a hipótese de o atirador já ter conseguido sair do país.

O Ministério Público francês abriu uma investigação por homicídio e tentativa de homicídio relacionada com uma organização terrorista, assim como por associação terrorista. Segundo o Le Figaro, foi ativado o chamado “plano branco” nos hospitais da cidade, o que acontece em situações de emergência e crise, permitindo que sejam disponibilizados o máximo de serviços de socorro necessários.

Estrasburgo esteve sob alerta máximo, com ordem para que as pessoas se mantivesse em casa ou dentro dos edifícios — a sede do Parlamento Europeu esteve em lockdown, por exemplo — mas esta manhã a circulação foi reposta com normalidade, embora as pessoas estejam a ser aconselhadas a “manter-se vigilantes e a seguir os conselhos de segurança”, já que continua a operação de captura do atirador.

Segundo o ponto de situação feito esta manhã pela prefeitura regional, “a cidade está rodeada” de polícia. Há 350 polícias mobilizados no terreno, “apoiados por meios aéreos, pela RAID, a BRI [ambas forças de segurança e intervenção] e ainda pela força Sentinelle”, a brigada anti-terrorismo.

A circulação dos meios de transporte já foi reposta e as escolas estão abertas na manhã desta quarta-feira, que se segue à noite do ataque. Ainda assim, existe uma ordem específica a proibir a realização de manifestações na cidade “até nova ordem”.

Também já se sabe a identidade de uma das três vítimas mortais do ataque: é Anupong Suebsamarn, turista tailandês de 45 anos, que morreu após um disparo na cabeça quando caminhava com a sua esposa pelo Mercado de Natal da cidade francesa.

Uma das vítimas mortais no ataque em Estrasburgo é um turista tailandês de 45 anos

Atirador cumpriu pena de prisão em 2011. Escapou às autoridades durante a manhã de terça-feira

As autoridades estão neste momento a seguir uma “pista terrorista”. A investigação está a ser conduzida pela secção antiterrorista de Paris. Segundo a prefeitura, o atacante estava sinalizado pelas autoridades como “fiché S”, isto é, muito perigoso, e era conhecido por delitos comuns.

O canal de televisão France 3 avançou que o homem, natural de Estrasburgo, devia ter sido interrogado durante a manhã desta terça-feira por suspeita de tentativa de homicídio mas consegui escapar às autoridades. Na casa onde morava, no bairro de Neudorf, foram encontradas granadas, facas, armas de caça e várias munições, de acordo com o procurador-geral.

https://twitter.com/PoliceNationale/status/1072919322610335750

Rita Katz, diretora do SITE Intelligence Group, uma organização que se tem dedicado a monitorizar a atividade online dos grupos jihadistas, revelou que o tiroteio está a ser celebrado por apoiantes do Estado Islâmico (EI). Apesar de o ataque ainda não ter sido reivindicado pelos jihadistas do EI, Katz acredita que isso venha a acontecer muito em breve tendo em conta “a forma como a sua comunidade de apoiantes tem abraçado/apoiado unanimemente” os atentados do grupo terrorista no ocidente.

Primeiro-ministro francês ativa gabinete de crise e mobiliza mais 1.800 soldados

O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, ativou o gabinete de crise. A célula interministerial, que está a funcionar a partir do Ministério do Interior, reúne representantes dos ministérios e dos serviços encarregados de seguir a gestão da investigação do tiroteio, divulgou o gabinete do primeiro-ministro, citado pela agência France Presse.

A França que ainda não saiu da crise dos coletes amarelos está em alerta máximo com os controlos reforçados nas fronteiras e adoção de medidas especiais de proteção dos mercados de Natal em todo o país para evitar o risco do ato de Estrasburgo ser copiado. Estes eventos já foram alvo de atentados terroristas como o que aconteceu em Berlim há dois anos.

https://observador.pt/2016/12/19/camiao-atropela-varias-pessoas-em-mercado-de-natal-em-berlim/

Ainda na tarde desta quarta-feira, Edouard Philippe anunciou também a mobilização de mais 1.800 militares no âmbito da operação Sentinela que está a decorrer. “São 500 soldados que chegaram aqui hoje [quarta-feira] para completar o dispositivo e 1.300 que, nos próximos dias, vão ser acrescentados aos que já estão mobilizados no terreno. O objetivo é tornar possível a segurança dos espaços públicos, especialmente os mercados de Natal em toda a frança”, referiu o primeiro-ministro francês, citado pelo Le Monde.

Emmanuel Macron, que se encontrou com o gabinete no Ministério do Interior, reagiu aos recentes acontecimentos depois de deixar o edifício, situado na Place Beauvau, em Paris. No Twitter, escreveu: “Solidariedade de toda a nação para com Estrasburgo, as nossas vítimas e suas famílias”. Segundo o Le Figaro, Macron vai reunir-se na quarta-feira com um pequeno conselho de defesa depois do Conselho de Ministros.

Mercado de Natal vai permanecer fechado

Depois do ataque, as autoridades estabeleceram um perímetro de segurança em redor da zona onde tudo aconteceu, que se manteve fechada até esta quarta-feira. Foi instalado um centro de apoio às vítimas na Place Kléber e disponibilizado apoio psicológico.

Roland Ries, presidente da câmara municipal de Estrasburgo, anunciou já durante a madrugada de quarta-feira que, tendo em conta os recentes “eventos dramáticos”, tinha decidido mandar fechar o Mercado de Natal e cancelar todos os espetáculos dos “equipamentos culturais” da cidade.

As bandeiras dos organismos governamentais ficarão a meia haste nesta quarta-feira e será colocado um livro de condolências na câmara municipal. O autarca agradeceu a paciência e compreensão de todos os moradores e visitantes e pediu que as restrições na circulação sejam respeitadas de modo a facilitar os trabalhos das autoridades.

Em Paris, a Torre Eiffel está de luzes apagadas em homenagem às vítimas do ataque. Segundo Anne Hidalgo, presidente da Câmara, o monumento vai estar apagado a partir da meia-noite desta quinta-feira.

Parlamento Europeu esteve encerrado por questões de segurança. Organismo “não será intimidado” por terrorismo

A cidade francesa acolhe o Parlamento Europeu, que realiza algumas sessões por mês. O presidente do organismo, Antonio Tajani, disse no Twitter que recebeu um pedido para mandar encerrar o edifício por questões de segurança. Estava a decorrer uma sessão plenária no momento do tiroteio e os deputados, onde se contam alguns portugueses, tiveram de ficar retidos no seu interior.

Num outro tweet, Tajani afirmou que “este Parlamento não será intimidado por ataques criminosos ou terroristas”. O presidente do Parlamento Europeu expressou a sua “tristeza” pelas vítimas do ataque desta terça-feira e garantiu que “vamos continuar a trabalhar e a reagir contra o terrorismo fortalecidos pela força da liberdade e da democracia”.

Comissário e eurodeputados portugueses retidos no Parlamento Europeu só saíram de madrugada

Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros fez logo saber que estava a acompanhar a situação através do Consulado Geral de Estrasburgo, que está em contacto com as autoridades locais. Entretanto já veio dizer que não tem informações da existência de portugueses entre os mortos.

Juncker condena ataque: “Estrasburgo é símbolo de paz e da democracia europeias”

Jean-Claude Juncker também recorreu ao Twitter para condenar o ataque em Estrasburgo, uma cidade que é, “por excelência” um “símbolo de paz e da democracia europeias”. “Os meus pensamentos estão com as vítimas do tiroteio, que condeno com grande firmeza”, escreveu o presidente da Comissão Europeia na rede social.

Tajani e Jucker não foram os únicos a reagir ao ataque em Estrasburgo. Em França, Richard Ferrand, presidente da assembleia nacional francesa, apresentou as suas “sinceras condolências” aos familiares das vítimas e assegurou já foram mobilizadas as forças de segurança necessárias. Todo o apoio será dado “aos compatriotas de Estrasburgo”, garantiu Ferrand.

A primeira-ministra britânica Theresa May também recorreu à rede social Twitter para condenar o “terrível ataque em Estrasburgo”. Mostrando-se “chocada e triste”, May disse que os seus “pensamentos estão com todos aqueles afetados e com o povo francês”.

Dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump também reagiu através da mesma rede considerando que este foi um “péssimo ataque de terror em França”. Mas aproveitou a mensagem solidária para acrescentar o seu posicionamento político: “Vamos reforçlar as nossas fronteiras ainda mais. Chuck e Nacy devem dar-nos os votoos para termos uma segurança de fronteiras adicional”. Referia-se  o líder Democrata do Senado, Chuck Schumer, e a líder Democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que se opõem à política securitária de Trump em matéria de fronteiras.

Marcelo Rebelo de Sousa repudia “episódio de violência”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou nesta terça-feira solidariedade ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, após um tiroteio na cidade de Estrasburgo ter feito pelo menos duas vítimas mortais, e repudiou “este episódio de violência”. Numa nota publicada no site da Presidência da República, é referido que, “ao tomar conhecimento do ataque que hoje teve lugar em Estrasburgo, o Presidente da República endereçou uma mensagem de solidariedade ao Presidente Emmanuel Macron”.

De acordo com a mesma nota, Marcelo”expressou ainda a fraternal amizade de Portugal para com a França neste momento difícil, vincando o mais firme repúdio por este episódio de violência, e sublinhando a importância da unidade europeia na defesa dos valores que unem as sociedades livres e democráticas”.

(Em atualização)

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