Uma fotografia publicada no site das Forças Armadas em abril do ano passado está a ser criticada nas redes sociais por alegadamente expor informações confidenciais que colocariam em causa a cibersegurança nacional.

No entanto, em resposta ao Observador, as Forças Armadas esclareceram que essa informação “não tinha qualquer risco, nem representava qualquer ameaça quando se colocou à vista para consulta dos utilizadores externos ao centro, à data do exercício ou mesmo depois do exercício ter terminado”: “Por não representar qualquer risco é que a foto está pública no nosso portal Internet e onde permanecerá inalterada”, explicou o porta-voz das Forças Armadas.

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A imagem, publicada a 23 de abril de 2018, serviu para ilustrar a notícia de que Portugal se iria juntar ao Centro Multinacional e Interdisciplinar de Conhecimento na Área da Ciberdefesa da NATO (CCDCOE), um grupo composto pelos países mais avançados em termos de ciberdefesa. Como resultado dessa entrada, Portugal participou num exercício de ciberdefesa internacional, o “Locked Shields”, organizado pelo Centro. Foi durante esse exercício que a equipa de relações públicas tirou a fotografia e a colocou na Internet.

Quase um ano depois, o tecnólogo Vítor Domingos publicou um tweet a adjetivar o centro de “uma anedota”: “O centro de cibersegurança é uma anedota. O Exército português publicou uma fotografia onde mostram a defesa do próprio centro de cibersegurança com passwords nas paredes, endereços IP, topologia de rede e até publicidade a uma imobiliária”. Mais tarde, Vítor também aponta que na mesma imagem é possível ver “o contrato de compra de licença VMware perto dos detalhes do router” e “o cartão comercial da NCI [Agência de Comunicações e Informações da NATO] debaixo do monitor à esquerda.

Para Vítor Domingos, o facto de a fotografia ilustrar meramente um exercício, mesmo com informações inofensivas à mostra, é “ainda mais impressionante”: “O pior comentário que recebi foi que ‘não é real, é um exercício’. Que é ainda mais impressionante do que pensei visto que as pessoas em exercício tentam fazer as coisas melhor do que na vida real porque, sabem, é planeado e detalhado”.

Mas as Forças Armadas garantem que todas as informações visíveis na fotografia se referem a “uma rede de cenário criada de propósito em ambiente simulado de CyberRange (treino) em ambiente fechado, que foi estabelecida para efeitos de treino da Blue Team (“Forças amigas”) tendo em vista a sua proteção face aos ataques da Red Team (“adversários”)”. “Por não representar qualquer risco é que a foto está pública no nosso portal Internet”, afirma o porta-voz. E acrescenta um esclarecimento: “Não é um centro de cibersegurança, mas sim, em rigor, um centro de ciberdefesa”.