Bill e Hillary Clinton terão pressionado a Fundação George Mitchell a atribuir uma bolsa de estudo ao namorado da filha, Chelsea Clinton, em 2000, quando Bill Clinton era Presidente dos Estados Unidos da América. O Presidente dos EUA terá enviado uma carta de recomendação e telefonado ao próprio George Mitchell (um antigo senador democrata) a manifestar desagrado por o então namorado de Chelsea Clinton não estar listado entre os finalistas da bolsa.

A notícia é avançada pelo The Guardian citando o livro “Shenanigans: the US-Ireland Relationship in Uncertain Times”, publicado recentemente pela conselheira política Trina Vargo, também do Partido Democrata.

Trina Vargo era responsável pela bolsa George Mitchell, após aconselhar a administração de Bill Clinton na mediação do conflito entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, que chegou a um fim com o Acordo de Sexta-Feira Santa, de 1999. A partir de 2007, Trina Vargo apoiou a campanha de Barack Obama na criação da política externa relativa à Irlanda. Barack Obama viria a derrotar Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata, conquistando depois a presidência dos Estados Unidos da América, em 2008.

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Ao não ceder à pressão de Bill Cinton em 2000 e ajudar na derrota de Hillary Clinton em 2008, Trina Vargo considera que entrou para a “lista de inimigos” dos Clinton. A suposta vingança chegou em 2009, quando Bill Clinton recusou participar num evento organizado por Trina Vargo para celebrar os dez anos do acordo de paz entre os governos do Reino Unido, da Irlanda e de grupos rebeldes na Irlanda do Norte, justificando-se com uma mudança de agenda.

Em 2012, quando Hillary Clinton cumpria o seu último ano como Secretária de Estado de Barack Obama, o Departamento de Estado diminuiu o financiamento para a bolsa George Mitchell, citando razões orçamentais. “O corte de financiamento”, escreve Trina Vargo no livro, “não foi sobre dinheiro”. Em 2015 Trina Vargo processou o Governo norte-americano para ter acesso a documentos que justifiquem o corte orçamental de 2012.

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Um representante oficial dos Clinton, não identificado pelo The Guardian, afirmou que nenhum dos casos representava uma vingança política e sublinhou que também o sucesso de Hillary Clinton no Departamento de Estado, John Kerry, diminuiu o financiamento para a bolsa, como “parte de uma batalha orçamental constante com o Congresso controlado pelo Partido Republicano”.