Milhares de credores do BES têm até sexta-feira para fazer a reclamação de créditos junto da comissão liquidatária, que depois decidirá os que têm direito a ser compensados ou não, devendo os rejeitados impugnar a decisão em tribunal.

Depois das reclamações de créditos apresentadas, nas próximas semanas deve ser conhecida a listagem de créditos reconhecidos e não reconhecidos pela comissão liquidatária do Banco Espírito Santo (BES), sendo que o processo de avaliação deverá demorar porque em causa estão mais de 30 mil reclamações, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

Os credores cujos créditos não sejam reconhecidos (a decisão será enviada a todos em carta registada e no caso dos rejeitados explicando os motivos da recusa) têm de impugnar essa decisão junto do Tribunal de Comércio de Lisboa. O prazo para o fazer é de dez dias (corridos).

A comissão liquidatária do BES deverá reconhecer créditos dos credores privilegiados (como a autoridade tributária) e credores comuns (como fornecedores), mas poderá indeferir os pedidos de credores que tenham alguma subordinação, caso de investidores que compraram produtos financeiros, assim como acionistas.

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Além de milhares de credores individuais, também é credor do BES o Fundo de Recuperação de Créditos dos lesados do papel comercial, uma vez que pagou a esses clientes indemnizações em troca de ter ficado com os seus créditos sobre o BES e entidades relacionadas com o banco, pelo que é este que litigará em tribunal contra o banco pelos danos causados e que, caso os tribunais decidam a favor, receberá as indemnizações.

Após a resolução do BES, cumprindo a lei, a consultora Deloitte fez contas a quanto teriam recebido os credores comuns se o BES tivesse sido liquidado, em vez da resolução, tendo considerado que recuperariam 31,7%. Esse valor terá de ser pago pelo Fundo de Resolução bancário aos credores do BES.

Contudo, há dúvidas sobre quando pagará esse valor o Fundo de Resolução aos credores comuns, podendo ser apenas no fim do processo de liquidação do BES, o que poderá demorar anos.

A Lusa questionou o Banco de Portugal sobre o tema, mas até agora não obteve resposta.