Luís Marques Mendes considera que o caso da entrada da mulher do ministro Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Gamboa, para a chefia do gabinete de Duarte Cordeiro só criou polémica porque os dois “são vítimas da overdose de governantes, familiares uns dos outros, que existe neste governo”: “Em circunstâncias normais, este caso não era caso. A mulher de Pedro Nuno santos já era chefe de gabinete de Duarte Cordeiro na Câmara de Lisboa. Se Duarte Cordeiro passou para o governo, era natural que ela o acompanhasse como colaboradora”, afirmou no seu espaço de opinião na SIC. Mas Marques Mendes considera que há uma “overdose de familiares no governo.”

Segundo Mendes, Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Gamboa “são vítimas do que José Miguel Júdice aqui disse, há dias, que o que é demais é erro”. E aproveita para elogiar o ministro das infraestruturas nas explicações que deu na sequência da polémica: “Mostra coragem. E é de chamar a atenção a António Costa que esta sua tendência para ter governos em circuito fechado só lhe cria problemas. Ganha votos com os passes sociais e perde com a overdose de familiares no governo.”

Ainda acerca da atualidade política, Luís Marques Mendes também considerou que o caso da ida de Adolfo Mesquita Nunes para a Galp “não é criticável”. É apenas “uma opção de vida”: “Ele resolveu dar preferência à sua vida profissional em detrimento da sua vida política. É legítimo e respeitável”, adjetiva o comentador, acrescentando que o agora ex-vice-presidente do CDS “fez bem” em renunciar às funções partidárias que tinha. “A Galp ganhou à política. Ganhou porque vai ter um excelente colaborador. Este jovem faz bem qualquer cargo em que se envolve. A política perdeu, porque pessoas com o talento e a qualidade de Adolfo Mesquita Nunes não há muitas e as poucas que há fazem falta à política”, termina.

Casos revelados por Rui Pinto “não podem ser ignorados”

O comentador do Jornal da Noite da SIC falou ainda sobre o hacker Rui Pinto. “Para uns, Rui Pinto é um herói. Terá ajudado, no âmbito do Football Leaks, a descobrir crimes, fraudes, fugas ao fisco e casos de corrupção no futebol. Para outros, é um vilão. Viola a lei e a privacidade, é um pirata informático, faz chantagens e tentativas de extorquir vantagens”, descreve Luís Marques Mendes. De uma maneira ou outra, “Rui Pinto descobriu indícios de outros crimes e esses casos não podem ser ignorados ou desvalorizados”, lembra.

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Luís Marques Mendes prevê que vai demorar até que se descubra qual é o papel de Rui Pinto no caso dos e-mails do Benfica: “Só no fim das investigações e das decisões judiciais se poderá, ou não, saber”.

Agora só há três factos, diz Mendes:

  • “As autoridades judiciárias de Portugal e da Hungria consideram que é suspeito de crimes graves, incluindo a tentativa de extorsão.”
  • “Os fins, por mais nobres que sejam, não justificam o uso de todos os meios. De outra forma, estamos no reino da anarquia e do abuso. Por isso, se Rui Pinto cometeu crimes tem de ser sancionado.”
  • “Se mesmo por meios ilícitos Rui Pinto descobriu indícios de outros crimes, esses casos não podem ser ignorados ou desvalorizados. Têm de ser investigados”, sublinha.

Luís Marques Mendes pede para que não se esqueça que “o futebol é um mundo à parte: “É cada vez mais negócio e menos desporto. Tem-se a sensação de que por detrás do espetáculo desportivo há muita corrupção, muita fraude, muito abuso e pouca transparência”.

Lei de bases de saúde aprovada à esquerda

Questionado sobre a notícia avançada pelo Público de que o PS irá votar a nova Lei de Bases da Saúde com o PCP e o Bloco de Esquerda em vez de fazer entendimento com o PSD, como sugeriu Marcelo, Luís Marques Mendes considerou que tudo não passa de “uma jogada tática”: “António Costa anda preocupado com o desgaste que está a ter com o estado da saúde e com as críticas que tem recebido. E as críticas que mais o preocupam não são as do PSD ou do CDS. São as do PCP e do BE. Por isso, precisa da bênção da esquerda”.

No entanto, o comentador considera que essa não é a questão mais importante. A “questão de fundo” é que “a saúde não precisa de uma nova Lei de Bases”: “Uma nova Lei de Bases não vai resolver problema nenhum. Do que a saúde precisa é de um Plano de Investimento na Saúde, de curto e médio prazo – pelo menos a 10 anos – que acabe com o subfinanciamento crónico da saúde e que dê outra vida ao SNS. Doutra forma, o SNS vai morrendo aos poucos. E isso é um crime”.

Luís Marques Mendes sublinhou que “o SNS foi, depois da liberdade, a maior conquista do 25 de Abril”: “A melhor forma de celebrar o 25 de Abril não é aprovar mais uma Lei de Bases, que não diz nada a ninguém. É, sim, fazer um acordo de regime entre todos os partidos para aprovarem um Plano de Investimento na Saúde, a 10 anos, para salvar o SNS. Isso exige mais do que truques e habilidades táticas”, concluiu.