A Tesla desenhou uma estratégia de comercialização que prescinde dos concessionários convencionais. Centros de vendas sim, de assistência também, mas os concessionários, bem como as margens que tipicamente absorvem, não fazem parte do léxico do construtor americano de veículos eléctricos. Mas se esta decisão tem aspectos positivos, acarreta igualmente alguns pontos negativos, que afectam os clientes, provocando atritos desnecessários.

Ao não possuir um concessionário em cada esquina, prática que os fabricantes “tradicionais” estão gradualmente a diminuir, a Tesla tornou mais lenta a detecção dos problemas de que possam enfermar os seus veículos. O mesmo acontece com a encomenda das peças necessárias para a reparação, além da marcação da intervenção e posterior montagem. Situação que aborrece os clientes “normais”, mas que enfurece os que usam os veículos da marca como carros de trabalho, tanto mais importante quanto a Tesla quer enveredar pelo car-sharing e ride-sharing.

A solução encontrada passou por dotar cada modelo do construtor com capacidade de se autodiagnosticar, definindo a avaria e as peças de que precisa para voltar a ficar a 100%, marcando no processo uma intervenção no centro de assistência mais próximo. Isto ou recorrer aos veículos de assistência móveis da Tesla, que se deslocam a casa (ou escritório) dos clientes.

Em termos práticos, cada Tesla está agora equipado com um “mecânico” a bordo, bem como um canal aberto com a fábrica e o centro de expedição de peças de substituição, agilizando todo o processo e poupando um tempo precioso. Para que tudo isto seja viável, cada veículo, que já está em permanente contacto com a fábrica, usa este canal de comunicação para determinar a origem dos problemas que afectam o modelo, determinando a melhor solução para a sua reparação, que pode até passar por solicitar um reboque para trazer veículo e condutor de regresso a casa ou à oficina. Uma espécie de cicerone da mecânica. Mais uma vez, a marca americana lidera no capítulo da inovação.

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