A série ”Orange Is The New Black”, da Netflix (cuja última temporada está disponível desde hoje), inspirou vários reclusos na Escócia a registarem-se como judeus para terem direito às kosher meals — refeições que seguem os critérios do Judaísmo e que dentro das prisões são vistas pelos reclusos como mais saudáveis e melhores.

Em ”Orange Is The New Black”, Lolly Withehill, interpretada pela atriz Lori Petty, entra na prisão de Litchfield na 3ª temporada e não passa despercebida: chama a atenção pelo tabuleiro que lhe foi servido ao almoço e que tem melhor aspeto do que aqueles que as outras reclusas têm em cima da mesa.

Lolly é judia e tem de seguir a dieta da religião mesmo estando presa. A carne kosher não pode, por exemplo, ter certas gorduras ou veias, que precisam mesmo de ser removidas antes de a carne ser confecionada. No que toca ao peixe, só podem ser consumidos peixes com barbatanas e escamas, ficando de fora o marisco, por exemplo. Tudo o que nasce da terra é kosher, mas os insetos não o são, portanto todos os vegetais ou frutas devem ser cuidadosamente examinados para os retirar.

[o trailer da temporada 7, a última, de “Orange is the New Black”:]

Na série, um grupo de reclusas decide tentar provar que também são judias para conseguir comida melhor, mas algumas acabam por desistir da ideia quando são confrontadas por um rabino. Black Cindy, personagem de Adrienne Moore, persiste e acaba mesmo por se converter, ganhando o nome de Tova.

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A série ”Orange Is The New Black” é conhecida por representar várias causas sociais e por expor o sistema prisional atual nos Estados Unidos da América, mas parece que chegou mais longe. Na Escócia, a ficção tornou-se realidade: em 2014, em todo o país, só existiam 9 reclusos registados como judeus e há dois anos o número subiu para mais de 100 pessoas a receber kosher meals só na prisão de Edimburgo, segundo o jornal Telegraph.

[excerto de “Orange is the New Black” que faz referência às refeições kosher:]

Estas refeições custam mais dinheiro às prisões do que as dos almoços e jantares normais e, como subiu o número de reclusos a requisitá-las, o orçamento preocupou os inspetores que visitaram a prisão de Edimburgo e exigiram uma ”investigação urgente”. Em 2017 foi gasto mais de 1 milhão de euros (964,000 libras) em kosher meals, mas agora já foi possível diminuir esta despesa.

O jornal Telegraph falou com uma fonte do Serviço Prisional Escocês, que explicou que agora a burocracia é ”mais rigorosa” se alguém se quiser registar como judeu na prisão. No último ano, a despesa com refeições nos estabelecimentos prisionais escoceses baixou mais de 100 mil euros (92,515 libras). ”Se alguém precisar de uma refeição kosher, vai consegui-la, mas assim que aumentámos os requisitos e os tornámos um pouco mais burocráticos, muitos reclusos de repente decidiram que não eram judeus”, explicou a mesma fonte.