A candidatura da cidade de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 quer diferenciar-se pela “identidade cultural alentejana” e agregar toda a região, afirmou esta quarta-feira o presidente do município, Carlos Pinto de Sá.

Em declarações à agência Lusa, o autarca apontou que “em primeiro lugar” a candidatura de Évora pretende “diferenciar-se pela identidade cultural alentejana, que mais ninguém tem”, e que essa “diferença fundamental deve ficar marcada”. Sendo obrigatoriamente candidaturas apresentadas por cidades, sublinhou o presidente do município, esta “será a de Évora”, mas os promotores também querem que “seja a de todo o Alentejo”. Nesse sentido, revelou, já há “um conjunto de câmaras que está a participar no processo” de elaboração da candidatura, nomeadamente os municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC).

“Queremos que seja uma candidatura que tenha em atenção aquilo que são as tradições culturais do território e as suas potencialidade e a capacidade para densificar a área cultural”, assinalou.

A atração de artistas, criadores e organizações para trabalharem na área da cultura e a ligação da cultura a outras áreas da criatividade, das ciências, da tecnologia e do ambiente são algumas das metas. O presidente da Câmara de Évora realçou que 2020 será “o ano decisivo” para a elaboração formal da candidatura, indicando que haverá “uma participação ativa dos agentes, instituições, organizações e cidadãos”. “Vamos ter agora uma reunião da comissão executiva para definir a equipa de missão, um conjunto de aspetos ligados à estrutura do projeto e, sobretudo, vamos lançar o modelo participativo”, adiantou o autarca.

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Pinto de Sá ressalvou que, “de alguma maneira”, este processo já está “em marcha”, adiantando que o consultor britânico Tom Fleming, que colaborou, entre outras, com a Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, já “está a tratar da dimensão europeia da candidatura e a fazer um trabalho de auscultação”. Vão ser ouvidas “cerca de 50 personalidades de instituições, artistas e de várias áreas da cultura e não apenas em Évora, mas um pouco por toda a região”, indicou, salientando que esse trabalho terá, a partir de fevereiro, “maior visibilidade”. “Será uma fase de maior abertura para a participação pública na elaboração da candidatura”, em que poderão participar “os agentes culturais, instituições, municípios e todos os que quiserem” dar a sua opinião, disse.

A candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 foi assumida pelo presidente do município durante um “workshop” internacional sobre esta temática que decorreu, há quase um ano, na cidade alentejana. Além da autarquia, a comissão executiva da candidatura integra a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Agência Regional de Promoção Turística, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, Direção Regional de Cultura, Fundação Eugénio de Almeida e Universidade de Évora.

Portugal vai acolher em 2027 a Capital Europeia da Cultura, juntamente com uma cidade da Letónia. Os dois países selecionados são responsáveis pela organização do concurso entre as suas cidades, devendo para isso publicar um convite à apresentação de candidaturas com seis anos de antecedência. Após a apresentação de candidaturas, que devem focar-se na criação de um programa cultural com dimensão europeia, caberá a cada Estado-membro convocar um júri para uma pré-seleção das cidades candidatas, isto até cinco anos antes.

Além de Évora, já anunciaram que vão apresentar uma candidatura as cidades de Leiria, Faro, Viana do Castelo, Coimbra, Aveiro, Braga, Guarda e Oeiras. A decisão final será dos países, devendo ser tomada até quatro anos antes do título.

Portugal já recebeu a Capital Europeia da Cultura em três ocasiões: 1994 (Lisboa), 2001 (Porto) e 2012 (Guimarães).