A Presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, promulgou na noite de domingo uma lei que convoca eleições gerais para 6 de setembro, alertando no entanto para os perigos colocados pela pandemia do coronavírus.

“Tenho estado sob pressão para convocar eleições em 6 de setembro, ou seja, em plena pandemia”, lamentou a Presidente, numa mensagem divulgada pela televisão. Áñez disse que aprovou a lei sob “pressões para ir às urnas” dos ex-presidentes bolivianos Evo Morales e Carlos Mesa, bem como do candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce.

A oposição tinha advertido a Presidente, também candidata às eleições, de que não poderia prolongar o mandato provisório indefinidamente.

Na mensagem transmitida pela televisão, a Presidente interina afirmou que nunca pretendeu prolongar o mandato, defendendo que a sua prioridade é a saúde da população, e responsabilizou Morales, Arce e Mesa pelo que possa acontecer nas eleições de setembro, quando o governo provisório espera um pico de contágios na Bolívia.

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As eleições, inicialmente previstas para 3 de maio, tinham sido adiadas devido à pandemia. Um acordo entre o parlamento, o Supremo Tribunal Eleitoral e os partidos políticos candidatos às eleições tinha determinado o dia 6 de setembro como data limite para as eleições.

O ministro da Saúde do governo provisório, Eidy Roca, disse no domingo que o número de infeções na Bolívia deverá atingir um pico de 130 mil em meados de setembro. No sábado, a Bolívia registou mais de mil novos casos em 24 horas pela primeira vez.

A Bolívia está em quarentena desde 10 de março e entrou em confinamento mais flexível no início de junho, numa tentativa de relançar a economia, mas as restrições permanecem nas regiões mais atingidas pelo novo coronavírus, que até agora provocou 740 mortes e mais de 23 mil casos confirmados.

Na última sondagem, realizada em março, Luis Arce, candidato apoiado pelo ex-Presidente Evo Morales, liderava as intenções de voto, com 33,3% dos votos.

A Bolívia é dirigida há vários meses por Jeanine Añez, uma senadora de direita que ocupou a Presidência interina após a demissão em novembro de 2019 do socialista Evo Morales, desde então exilado na Argentina.

No poder desde 2006, o antigo Presidente proclamou-se vencedor do escrutínio presidencial de 20 de outubro, para um quarto mandato, mas a oposição denunciou uma fraude eleitoral.

Após semanas de manifestações, e abandonado pela polícia e pelos militares, Morales demitiu-se em 10 de novembro e deixou a Bolívia, após denunciar um golpe de Estado e considerar que a sua vida corria perigo.