A Nikola começou a dar nas vistas com um interessante projecto de camiões eléctricos alimentados por fuel cells (células de combustível) a hidrogénio, de que evoluiu para veículos pesados eléctricos, mas alimentados por bateria, e pick-up. E ainda que o primeiro veículo não seja esperado antes de 2021, foi lançada em bolsa a 4 de Junho, por 37,55 dólares o título. Cinco dias depois, atingiu 93,99 dólares, o que lhe atribuía uma capitalização bolsista superior à da Ford, surpreendendo o mercado. Mas o “fenómeno” durou pouco, pois nesta sexta-feira as acções estão a ser cotadas a 36,25 dólares.
O projecto que suporta a Nikola tem imenso potencial, pois tudo indica que certos veículos eléctricos serão mais viáveis e práticos de utilizar se a energia for produzida a bordo, através das fuel cells a hidrogénio. Tudo porque os seus depósitos de hidrogénio são mais rápidos de atestar do que as baterias de recarregar, a partir da rede.
Okay it gets better. That solar system that Trevor bought in Q2 that was Nikola’s only revenue?
Trevor didn’t even pay for it during the quarter ???? they said it was in “accounts receivable” but he paid it off “subsequent to the end of the period” pic.twitter.com/kVetvTm6E6
— Whole Mars Catalog (@WholeMarsBlog) August 5, 2020
Mas há pormenores na estratégia da Nikola para os quais urge encontrar resposta. Primeiro, onde está a tecnologia para produzir as fuel cells de que o fabricante necessita pois, que se saiba, a Nikola nunca as mostrou, nem deu provas de possuir ou conseguir fabricar fuel cells. De momento, Toyota e a Hyundai são os construtores que investem ao mais alto nível e comercializam veículos equipados com esta tecnologia. O que não impede a Toyota, por exemplo, de admitir que a tecnologia que desenvolve há mais de uma década tem de evoluir um pouco mais para se tornar competitiva em termos de custos.
https://twitter.com/nikolatrevor/status/1291081760743157760?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1291082427213914112%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Finsideevs.com%2Fnews%2F437783%2Fnikola-q2-revenue-ceo-solar-installation%2F
A segunda dúvida prende-se com as baterias de que vai necessitar. Também elas nunca foram vistas, nem se sabe se serão de fabricação própria ou adquiridas no mercado. Contudo, nenhuma destas questões impediu a valorização das acções, sobretudo porque o mercado parece acreditar que o futuro passará por soluções como as que Nikola defende.
https://twitter.com/nikolatrevor/status/1291081923805106178?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1291081923805106178%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Finsideevs.com%2Fnews%2F437783%2Fnikola-q2-revenue-ceo-solar-installation%2F
A mais recente variação na cotação das acções da empresa norte-americana coincidiu com o anúncio dos resultados do 2º trimestre de 2020. Para espanto dos analistas, a Nikola reportou uma facturação de cerca de 36.000 dólares entre Abril e Junho, relativa à instalação de um sistema de painéis fotovoltaicos na casa do CEO, Trevor Milton, à semelhança do que já tinha acontecido no mesmo trimestre do ano anterior.
O facto de a Nikola não fabricar painéis, com o próprio Milton a assumir que são fornecidos pela LG e pela Hanwha, não explica o motivo que levou a Nikola a facturar o equipamento. A suspeita levou a mais uma queda de 16% no valor das acções, embora o CEO tenha tentado colocar água na fervura durante uma entrevista que deu à cadeia de televisão CNBC.