Três meses mais tarde do que o habitual devido à pandemia e submetido às obrigatórias medidas sanitárias, a 17ª edição do IndieLisboa começa dia 25, terça-feira, prolongando-se até 5 de setembro. Vai mostrar mais de 200 fitas independentes, longas, médias e curtas-metragens, de ficção, documentais e animadas, nas habituais sessões competitivas e não competitivas. Em destaque este ano nas retrospetivas estão o realizador senegalês Ousmane Sembène, considerado um dos “pais” do cinema africano, e os os 50 anos da secção paralela Fórum do Festival de Berlim, com uma selecção de filmes exibidos na sua primeira edição. A secção Silvestre dá espaço à realizadora franco-senegalesa Mati Diop, premiada no Festival de Cannes com a sua primeira longa-metragem, “Atlantique”. As sessões decorrem na Culturgest, Cinemateca, Cinemas São Jorge e Ideal e no Capitólio.  O Indie dura 12 dias e escolhemos outros tantos filmes que lá serão exibidos. (Consulte aqui a programação completa).

1-“A Febre”, de Maya Da-Rin – O cinema brasileiro tem presença constante no Indie. Em “A Febre”, Prémio da Crítica em Locarno, um viúvo de origem indígena que trabalha no Porto de Manaus é acometido de uma estranha febre quando a filha lhe diz que vai estudar enfermagem para Brasília, e começa a sonhar com uma criatura que se movimenta na selva. (Competição Internacional, dia 27, Cinema Ideal, 19.30/Dia 30, Culturgest, 21.45)

2- “Il n’y Aura Plus de Nuit”, de Éleonore Weber – A realizadora francesa Éleonore Weber apresenta aqui um documentário composto exclusivamente por imagens feitas por soldados americanos e franceses no Iraque, Síria e Afeganistão, provenientes de câmaras térmicas e de infravermelhos, e captadas durante operações e missões aéreas noturnas. (Competição Internacional, Dia 1, Culturgest, 19.15)

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3-“Ana e Maurizio”, de Catarina Mourão – A realizadora de “A Toca do Lobo”, premiado no IndieLisboa de 2015, vem agora mostrar o seu novo documentário, mais uma história de família. A pintora Ana Marchand sempre se perguntou de onde viria o seu amor pela arte e pelas viagens. A resposta está num livro escrito pelo tio, Maurizio Piscicelli. (Competição Nacional, dia 27, Culturgest, 19.00/Dia 30, Cinema Ideal, 22.00)

4-“Entre Leiras”, de Cláudia Ribeiro – As irmãs Ana e Glória vivem em Passinhos de Cima, um local isolado entre o Douro e o Tâmega, que os fornecedores de pão, peixe, carne e mercearias visitam uma vez por semana, tal como os filhos de ambas. Cláudia Ribeiro passou sete meses com Ana e Glória, filmando o seu trabalho no campo, com os animais e o seu quotidiano. (Competição Nacional, dia 30, Culturgest, 19.00/Dia 2, Cinema Ideal, 19.30)

5- “Fojos”, de Anabela Moreira e João Canijo – Castro Laboreiro, a terra mais a norte de Portugal, lugar agreste onde os lobos vivem lado a lado com os homens, foi escolhida por João Canijo e Anabela Moreira para lá irem rodar este documentário, que vem na sequência de títulos anteriores da dupla, como “Portugal-Um Dia de Cada Vez” e “Diário das Beiras”. (Sessões Especiais, Dia 2, Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.50)

6- “Tipografic Majuscul”, de Radu Jade – A história verídica de Mugur Calinescu, um jovem romeno que, em 1981, pintou “graffitis” em letras maiúsculas hostis ao ditador Nicolau Ceausescu e ao regime, na sede do Partido Comunista local e em prédios da sua cidade, e foi preso e torturado, é o ponto de partida deste filme sobre o esmagamento das vozes dissidentes solitárias nos estados totalitários. (Silvestre, dia 29, Cinema Ideal, 22.00/Dia 5, Culturgest, 21.45)

7- “State Funeral”, de Sergei Loznitsa – Este impressionante documentário, em que o cineasta ucraniano Sergei Loznitsa teve acesso a material filmado único e em boa parte inédito sobre o funeral de Estaline, em Março de 1953, ilustra os paroxismos a que chegava o culto da personalidade tal como era praticado na antiga URSS em relação ao ditador comunista. (Silvestre, dia 25, Culturgest, 21.00/Dia 31, Culturgest, 18.30)

8- “Xala”, de Ousmane Sembène – O realizador senegalês, um dos pioneiros do cinema africano, é homenageado no Indie 2020. Além do colonizador francês, Sembène insurgiu-se também contra as insuficiências e os podres do Senegal pós-independência em filmes como este “Xala” (1975). É uma sátira cheia de simbolismo à ocidentalização e à corrupção dos políticos e homens de negócios do seu país. (Retrospetiva Ousmane Sembène, dia 2, Cinemateca, 21.30)

9- “Le Regard de Charles”, de Marc diDomenico – Em 1948, Edith Piaf deu uma câmara de filmar a Charles Aznavour. Que, desde aí, nunca mais deixou de registar aspetos da sua vida, viagens e concertos. São estas imagens que formam o grosso de “Le Regard de Charles”, a que se acrescentam as que foram feitas pelo realizador Marc diDomenico do próprio Aznavour, seu grande amigo, que filmou ao longo de três anos. (IndieMusic, dia 29, Capitólio, 21.30/Dia 3, Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 19.00)

10-“Filmfarsi”, de Ehsan Khoshbakht – Como era o cinema popular no Irão antes da revolução fundamentalista de 1979 e da implantação do regime teocrático e puritano dos “mollahs”? É o que revela este documentário feito de imagens de fitas da colecção pessoal de VHS do realizador Ehsan Khoshbakht, e de outras salvas da censura, revelando todo um variadíssimo acervo de melodramas musicais, filmes de acção e até ingenuamente eróticos. (Director’s Cut, dia 4, Cinemateca, 19.00)

11-“Vivarium”, de Lorcan Finnegan – Jesse Eisenberg e Imogen Poots são os principais intérpretes deste filme que combina elementos de fantástico e de “thriller”. Um jovem casal que julga ter encontrado a casa ideal para se instalar e criar o seu bebé, descobre que o seu novo bairro suburbano é um misterioso labirinto de casas perfeitamente idênticas, do qual não conseguem sair. (Boca do Inferno, dia 1, Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 19.00)

12 – “The Booksellers”, de D.W. Young – Das quase 400 livrarias que havia em Nova Iorque na década de 50, hoje existem menos de 100. Este documentário entra nos bastidores do negócio de livros raros e usados da cidade, visitando quer as lojas mais antigas, ainda apegadas ao passado, quer as mais recentes, com livreiros abertos a novas ideias para captar clientes e conseguir sobreviver. (Cinema e 5L, Cinema Ideal, dia 3, 18.30/Dia 5, Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.45)