A realização de crash-tests é a derradeira forma de apurar o grau de segurança oferecido por um veículo em caso de acidente. Um vídeo mostra o primeiro teste com embate lateral de um veículo ligeiro contra a zona onde um veículo pesado eléctrico aloja as baterias.

A prova envolveu duas viaturas do Grupo Volkswagen, um Volkswagen Golf e um camião baseado num modelo convencional da Scania, mas desta feita equipado com um pack de baterias. Isto porque o fabricante sueco está a desenvolver o camião eléctrico que apresentou em Setembro passado e quer garantir que, em caso de acidente, o risco é mínimo.

O primeiro Scania zero emissões foi projectado essencialmente para rotas urbanas e interurbanas, o que se percebe pela autonomia anunciada: quando equipado com cinco acumuladores com 165 kWh de capacidade, assegura uma autonomia de 130 quilómetros, enquanto as versões com mais de 4,350 metros entre eixos recebem um pack de maiores dimensões (nove baterias) e, por tabela, com mais capacidade – 300 kWh e 250 quilómetros de alcance. Em ambos os casos, a autonomia variará em função da carga transportada e da topografia do percurso, como acontece com qualquer eléctrico. Quando é necessário recarregar, o camião da Scania está equipado com um conector CCS e aceita carga rápida até 130 kW, pelo que, nestas circunstâncias, a bateria mais pequena demora 55 minutos a atingir os 100% e a maior fica com a carga completa ao fim de hora e meia.

O primeiro veículo pesado da Scania a bateria

No futuro, tudo isto fará parte do dia-a-dia (recorde-se que a própria ACEA já ditou o fim dos camiões a gasóleo), assim como os camionistas continuarão expostos a sofrer eventuais acidentes, tal como hoje acontece com qualquer pesado convencional, pelo simples facto de andar na estrada. Acontece que, num veículo eléctrico equipado com baterias de iões de lítio, estas alimentam sérias preocupações pois é necessário assegurar a integridade do pack, mesmo quando submetido a um impacto extremo. Caso contrário, é provável que se o embate provocar um vazamento do electrólito das células da bateria, venha a ocorrer um processo de “thermal runaway” que possa incendiar o lítio, que uma vez em contacto com o oxigénio tende a ficar instável. E um incêndio deste tipo, se bem que lento, não se combate da mesma forma como se apagam as chamas de um tanque de combustível.

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Por isso, a Scania quis verificar o que aconteceria se, na realidade, o seu camião fosse atingido na lateral, precisamente na área onde se encontra instalado o pack de baterias.  Só que, ao invés de recorrer a uma estrutura como a que é usada nos crash-tests do Euro NCAP, o construtor nórdico preferiu dar um toque de realismo à colisão e envolveu um automóvel a sério, para assim reunir dados o mais próximos possível da realidade e poder compará-los com as simulações que antecederam e preparam o acidente.

Os preparativos para qualquer teste de colisão são enormes. São meses de planeamento para um exercício que acaba em segundos”, destacou o engenheiro de provas da Scania, Jakob Leygraf. “Por isso, o teste real serve, em última análise, para confirmar que nossos cálculos são precisos”, explicou.

E tudo leva a crer que a Scania alcançou o objectivo pretendido, na medida em que as baterias permaneceram intactas após o embate, segundo a empresa. Contudo, seria importante saber mais detalhes acerca deste teste, nomeadamente a velocidade a que seguia o Golf quando colidiu com o camião.

Concentrando-se no tranquilizador resultado, que não requereu a intervenção dos bombeiros presentes no local, o chefe dos mecânicos da Scania, Mikael Littmann, destaca a importância deste tipo de testes para apurar a eficácia como a energia do impacto é disseminada, pois é mais provável garantir que não haja derrame do electrólito se a energia cinética for distribuída pela estrutura à volta da bateria, preservando a integridade desta. Veja aqui o teste: