PSD e o Chega estão em negociações para um possível entendimento pós-eleitoral na Câmara Municipal de Santarém. Fonte da direção do Chega revela ao Observador que o acordo está iminente, mas Ricardo Gonçalves, presidente da autarquia e vencedor das eleições, nega que haja um entendimento fechado e assegura que ainda estão a decorrer conversações tanto com o Chega como com o PS.

“O PSD está a falar com Chega e PS. Ainda não foram aceites propostas de ninguém”, garante Ricardo Gonçalves, reforçando que os sociais-democratas ainda estão a “analisar todas as propostas e a falar com todos os partidos que tiveram eleitos para a Assembleia Municipal”.

Por outro lado, fonte da direção do Chega adianta que está “iminente” um acordo em Santarém, depois de o PSD ter aceitado as “exigências” do partido liderado por André Ventura, incluindo uma polémica medida de um plano de acompanhamento da comunidade cigana no município de Santarém e o plano de combate à corrupção.

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Estas foram duas das linhas vermelhas definidas por André Ventura para a existência de acordos autárquicos pelo país — em que foram à partida excluídos PS e CDU —, e foi nesse momento que Santarém passou a estar no centro das atenções pela possibilidade de o Chega funcionar como um desbloqueador, tendo em conta o cenário de vereadores eleitos: quatro do PSD, quatro do PS e um do Chega.

Pedro Santos Frazão, vereador eleito e vice-presidente da direção, já tinha confirmado ao Observador estar disponível para ouvir e falar com o PSD e refere agora que houve uma reunião na semana passada para serem apresentadas as exigências do partido.

Mas mesmo que as linhas vermelhas do Chega venham a ser aceites pela concelhia do PSD/Santarém, liderada pelo próprio Ricardo Gonçalves, — o que é uma conquista para a direção do Chega — há outros problemas a resolver no partido liderado por André Ventura: a posição estrutura local do Chega contra o atual e reeleito presidente executivo que é difícil de ultrapassar.

Pedro Santos Frazão tinha deixado claro que o Chega/Santarém não dispensa uma auditoria externa às contas da câmara e empresas municipais, tendo em conta que a falta de transparência é uma das principais críticas do Chega ao PSD/Santarém. Mas também deixara claro que não é isso que impede um acordo: se Ricardo Gonçalves aceitar essas auditorias externas, não deverá haver mais entraves locais.

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O processo está a ser gerido pelo vereador eleito e vice-presidente da direção, Pedro Santos Frazão, pela distrital de Santarém, nomeadamente pela presidente Manuela Estevão, e pela própria direção, com um envolvimento direto do presidente do Chega.

O presidente do PSD, Rui Rio (de quem Ricardo Gonçalves é crítico), impôs que não existissem coligações pré-eleitorais entre o PSD e o Chega, que gostaria que se mantivesse após as autárquicas. No entanto, o líder social-democrata lembrou que após o escrutínio nada pode fazer para impedir os autarcas de o fazerem, apenas desaconselhar.