Uma história que começou no início dos anos 90, foi interrompida em 2015 e volta para o segundo ato já em 2021. Xavi regressou ao Barcelona depois de seis anos, como jogador e depois treinador, no Al-Sadd, equipa do Qatar. Um dos capitães do que muitos consideram o melhor Barcelona de sempre, principalmente no período Guardiola e do nascimento do tiki taka, Xavi Hernández chega àquela que se pode adivinhar ser a cadeira de sonho do catalão de 41 anos. Mas não é, pelo menos para já, uma cadeira onde o antigo médio da seleção espanhola (133 jogos, dois títulos europeus e um Mundial) se pode sentir demasiado confortável. Isto porque chega a um Barcelona que caminha sobre brasas depois da saída de Ronald Koeman, que teve uma prestação manifestamente inferior como treinador do que a que conseguiu com o jogador dos blaugrana há muitos anos depois.

E apesar de pouco (ou quase nenhum) currículo como treinador, Xavi tem o amor e confiança de uma massa adepta que o considera o filho pródigo de Camp Nou. E este “destino” tem tanto de possivelmente vencedor, como de perigoso, dada não só a expectativa em torno de tamanha figura do clube, como a já referida falta de experiência.

Segundo os meios de comunicação espanhóis, Xavi entrou com tudo, ao trazer desde logo um novo conjunto de regras para os seus atletas (alguns ex-companheiros) seguirem. Desde multas exponenciais a novos horários, passando pela proibição de atividades perigosas (leia-se surf, por exemplo) e refeições no centro de treinos, o novo treinador do Barça chega com atitude. E é mesmo um dos ex-colegas e agora pupilo o primeiro a sofrer. Gerard Piqué, um dos promotores da Taça Davis, não vai estar presente no evento de ténis, em Madrid, nem no programa de televisão “El Hormiguero”, onde era previsto estar. Recorda o Mundo Deportivo que isto acontece mesmo com o futebolista, um dos capitães de equipa, lesionado, sendo também a primeira vez que falha um evento promocional da Taça Davis.

Quem saboreou muitas vitórias e muitos troféus ao serviço do Barcelona e ao lado de Piqué e Xavi foi Dani Alves. Aos 38 anos, fala-se no Brasil de um possível regresso do lateral direito a Barcelona e sim, ainda para jogar. As notícias da América do Sul tiveram eco em Espanha e o Sport dá conta de que há conversações entre ambas as partes, sendo que a chegada de Xavi pode “ajudar” à chegada do brasileiro, que é ainda o jogador com mais títulos da história do futebol. Quer o novo treinador do Barcelona, quer o presidente Joan Laporta, têm em conta o facto e Alves poder ter um papel importante como líder de balneário e servir de referência para os mais jovens, sendo que La Masia voltou a ser um dos nortes do clube, com a chegada ao plantel de craques como Ansu Fati, Nico Gonzalez  e Gavi. Além disso, traria ao clube algo que os responsáveis querem: mentalidade de quem está habituado a ganhar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para além da expectativa de jogadores como Umtiti, fora das escolhas há muitos meses, ou Pjanic, que mesmo emprestado ao Besiktas vê com melhores olhos o seu regresso no final da época e possíveis oportunidades com Xavi, há ainda que solucionar questões específicas do plantel, como é por exemplo a frente de ataque. Luuk de Jong foi uma solução de recurso e pouco apreciada pelos adeptos, Braithwaite está lesionado, Griezmann é sempre um bom jogador e, claro, saiu Messi. Se acrescentarmos a isto que Suárez saiu no final de 2019/2020 para o Atlético Madrid, não é difícil perceber que o Barça precisa de quem faça ou crie golos. Ansu Fati tem passado por algumas lesões, Dembélé parece não conseguir deixar esse calvário e sobra Depay, que não pode nem consegue sozinho solucionar o problema.

Uma das hipóteses, segundo o Record e numa notícia que os jornais espanhóis estão também a acompanhar, é Francisco Trincão. O português de 21 anos está emprestado ao Wolves, que pagou 6 milhões de euros pela cedência e tem opção de compra de 30 milhões, pelo que uma “devolução” significaria certamente algum custo aos culés. O português tem estado em bom plano em Inglaterra e é uma das apostas habituais de Bruno Lage, que tem deixado Trincão explanar o que melhor tem: velocidade e habilidade individual.

Segundo a Marca, outras hipóteses já para janeiro estão todas em Inglaterra e são, segundo o diário desportivo espanhol, três avançados experientes, seja em idade, seja na capacidade ofensiva que já têm demonstrado. Um é Edinson Cavani, uruguaio que aos 34 anos ainda tem jogo e parecia algo encostado por Solskjaer após a chegada de Cristiano Ronaldo ao Manchester United. Recentemente, o treinador norueguês mudou a disposição tática do conjunto para algo semelhante a um 5x3x2, o que fez aparecer Cavani. No entanto, com jogadores como Rashford à espreita, Edinson não é de caras um titular.

E por falar em jogadores que não são escolhas habituais em condições normais, há ainda a ter em conta Sterling, que este ano não tem sido tão utilizado por Guardiola no Manchester City, que até já enviou alguns recados em conferência de imprensa para quem não se sente “satisfeito” na equipa, ou ainda Timo Werner. O alemão é o mais jovem deste trio, com 25 anos, e também não é primeira escolha no Chelsea de Thomas Tuchel, apesar de o ter sido na época transata que acabou com a conquista da Liga dos Campeões no Estádio do Dragão, no Porto. Chegou Lukaku a Londres e Werner viu o seu lugar ser ocupado pelo belga.

O Barcelona pode, ou não, conseguir um avançado, mas bem precisa de algo para recuperar posições na liga espanhola, onde é atualmente nono classificado. Golos também não abundam, pelo que a equipa com Xavi só pode melhorar. A menos que, claro, como vaticinam os menos otimistas, piore.