Ao fim de 27 horas, divididas por quatro dias, o júri deliberou: Kim Potter foi condenada pelo homicídio de Daunte Wright, nas duas acusação (first and second degree manslaughter) que enfrentava. Potter declarou-se inocente, e a sua defesa foi sempre de que tencionava atingir o afroamericano, de 20 anos, com um taser, mas, por engano, disparou a arma e o tiro fatal. Depois do acidente, apresentou a sua carta de demissão da polícia.
Agente que matou jovem afro-americano e chefe da polícia apresentam demissão
A sentença será lida a 18 de fevereiro de 2022 e a juíza Regina Chu do tribunal de Minneapolis recusou o pedido da Defesa para que Kim Potter aguarde a leitura da sentença em liberdade, mantendo-se sobre custódia. “Não vou tratar este caso de forma diferente”, disse Chu, segundo a CNN.
A 11 de abril, durante uma operação de trânsito, Daunte Wright estava prestes a ser detido por porte de arma, quando a agente da polícia disparou sobre ele. Durante o seu testemunho, a mulher de 49 anos chorou enquanto narrava o tiroteio, chegando a pedir desculpa porque não queria magoar ninguém. Kim Potter afirmou lembrar-se de ter gritado “taser, taser, taser”, como viria a ser demonstrado pelas imagens da câmara do fato da agente e como explicou, à data, o chefe da Polícia de Brooklyn Center.
As imagens mostram o jovem a colocar as mãos atrás das costas, depois de sair do carro. Depois de alguma dificuldade na colocação das algemas, Daunte Wright entra novamente no carro, a agente grita “taser, taser” e dispara. Só quando o carro arranca se ouve a Kim Potter dizer que tinha disparado um tiro. As imagens foram divulgadas, na altura, em conferência de imprensa.
Acusações e penas máximas
Kim Potter foi condenada de homicídio culposo de primeiro grau, o que significa que a morte de Duante Wright resulta de uma contravenção, neste caso o manuseio imprudente de uma arma de fogo, colocando em risco a segurança de outra pessoa, sendo previsível que dessa força e violência resulte a morte ou grandes lesões corporais. A outra condenação foi de homicídio culposo de segundo grau, o que implica negligência, já que Potter correu um risco irracional e conscientemente arriscou-se a causar morte ou a causar grande dano corporal a alguém, enquanto estava na posse de uma arma.
A primeira acusação, com base no uso imprudente de arma de fogo, pode ter uma pena máxima de 15 anos — 6 a 8,5 anos são recomendados quando não há histórico criminal — enquanto que a moldura penal máxima para homicídio culposo de segundo grau é de 10 anos.
“As ruas são nossas”. Protestos pela morte de afro-americano duram há quatro dias
Em abril, 11 meses depois da morte de George Floyd, o estado do Minnesota voltou a ser epicentro de manifestações contra o racismo e contra a morte de um cidadão negro após confronto com a polícia.
Esta quinta-feira, do lado de fora do tribunal, comemorava-se o veredito.