Benoît Paire não teve uma carreira propriamente de top ao longo dos anos mas lá conseguiu os seus feitos no circuito ATP. Logo à cabeça, três torneios conquistados entre 2015 (Open da Suécia) e 2019 (Open de Lyon e Open de Marraquexe). Depois, a chegada a 18.º melhor jogador do ranking no início de 2016, um ano após ter sido considerado o Regresso do Ano pelo ATP após uma lesão no joelho. Por fim, e mesmo não tendo passado nunca da quarta ronda em Grand Slams, amealhou um total de 9,4 milhões de dólares (cerca de 8,3 milhões de euros). No entanto, sobretudo no último ano, tem sido falado por outras razões.
Benoit Paire vence em Lyon e conquista terceiro título da carreira
“Quando te explicam que para jogar o Open da Austrália tens que ficar 14 dias trancado num quarto de hotel… Interessante”, começou por dizer o francês ainda antes do arranque da competição, no início de 2021. Depois, após ser eliminado em quatro sets pelo russo Egor Gerasimov, as críticas foram ainda mais duras, desta vez a fazer também comparações entre jogadores mediante o estatuto. “Também houve um caso positivo num voo para Adelaide mas aí houve tempo para fazer amostras de sangue etc. Nós fomos logo para quarentena. As coisas e as regras têm de ser iguais para todos, não percebo porque não é justo. Preparação truncada, jogos truncados. Para mim, é um escândalo”, apontou o tenista.
Em março, já em território francês, Paire teve mais declarações polémicas numa entrevista ao L’Équipe, quase relativizando as derrotas que estava a somar no início da época. “Quando vou aos torneios, chego lá, ganho algum dinheiro e vou para o próximo. Faço o meu trabalho. Alguns ganham um ATP 250 e levam 30 mil dólares enquanto que eu, em alguns torneios, ganhei 10 mil apesar de perder logo na primeira ronda. Para quê ficar louco para ganhar mais? O ténis não é a minha prioridade neste momento. Só quero sair da bolha e esse é o meu objetivo em todos os torneios. Não me sinto nada feliz. Os meus pais dizem-me que não sou o Benoît Paire que conhecem. Os que amam o ténis, que só têm isso em mente e treinam 24 horas por dia, estão felizes e a bolha não muda nada para eles. Mas para os que gostam de ar livre, da vida, da liberdade, de comer e desfrutar, é muito duro”, comentou o jogador gaulês nessa fase.
Dois meses depois, na sequência de mais uma derrota na primeira ronda de Monte Carlo com o australiano Jordan Thompson. Paire criticou também a realização de torneios sem público. “Não me importa nada este jogo. Tenho os pares e depois vou para casa, a duas horas de carro. Vir a estes cemitérios deprime-me. Diziam-nos que vinhas a Monte Carlo, um dos melhores torneios do mundo, e chegas aqui e vês que está vazio, há um ambiente triste que nunca se viu. Sinto-me um miserável quando estou em campo. Todos pensam o mesmo, talvez seja o único que o diz. O ténis já não me traz nada de bom. Não tenho mais chama. O circuito ficou podre. Mas ao menos tenho 12 mil euros. Vão dizer: ‘Está a falar de muito dinheiro’. Mas ganhei 12 mil euros para estar tranquilo no hotel e ir logo para casa. É perfeito”, salientou.
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— paire benoit (@benoitpaire) December 29, 2021
Agora, quase como uma espécie de desabafo depois de todas as situações que foi vivendo, o tenista francês revelou que teve mais um teste positivo que coloca a presença no próximo Open da Austrália em risco e admitiu que toda esta incerteza acaba por ter reflexos também no estado mental dos jogadores do circuito.
“Bom dia. Chamo-me Benoit Paire e testei positivo à Covid-19 pela 250.ª vez. Honestamente, não consigo lidar mais com esta m**** de Covid. Como estou? Por causa do Covid tenho o nariz a escorrer mas por causa de todas estas quarentenas passadas em quartos de hotel por todo o mundo, não estou bem mentalmente. O último ano foi difícil e este começa da mesma maneira. Sou 100% a favor da vacina mas vamos só viver como antes do Covid, caso contrário não vejo o propósito. Isto é secundário, mas, ATP, como é que defendem os jogadores como no meu caso?”, escreveu o jogador esta terça-feira.
