Acompanhados pelos dois filhos e com vários apoiantes que fizeram questão de estar à entrada da cerimónia, o fundador do WikiLeaks Julian Assange e a sua advogada Stella Moris casaram esta quarta-feira na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres. O casal conheceu-se durante os anos de exílio de Assange na embaixada do Equador em Londres e teve autorização para casar no ano passado.

De acordo com a Sky News, Stella Moris, de 38 anos, surgiu com um vestido desenhado por Dame Vivienne Westwood, uma estilista que tem sido uma das maiores defensoras de Assange. Foi também ela a conceber o kilt que o noivo usou. O casal esteve acompanhado apenas por duas testemunhas e quatro convidados: os dois filhos — Gabriel, de quatro anos, e Max, de dois anos –, o pai e o irmão de Julian Assange.

À porta da prisão, um grupo de cerca de 30 pessoas decidiu também marcar presença e mostrar o seu apoio ao fundador do WikiLeaks. Com cartazes, flores e até um bolo de casamento. “O mundo está contigo – Assange Livre”, lê-se num dos cartazes.

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Ainda antes do casamento, Stella Moris disse que o casal estava “muito entusiasmado” com a cerimónia, apesar de todas as restrições impostas. Já ao The Guardian, a noiva falou sobre as regras aplicadas a este casamento, incluindo a proibição da presença de jornalistas. “Estou convencida de que eles temem que as pessoas vejam o Julian como um ser humano. Não um nome, mas uma pessoa”, referiu, acrescentando que o objetivo das autoridades seria “fazer com que o Julian permaneça invisível ao público a todo custo, mesmo no dia do casamento”.

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O casal conheceu-se em 2012, quando Julian Assange pediu asilo à embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde enfrentava acusações de abuso sexual. Moris tornou-se parte da equipa jurídica que tentou impedir a extradição. Para o casamento, e em vez de presentes, o casal pediu aos convidados e apoiantes para doarem para uma campanha de financiamento coletivo que apoia a luta contra a tentativa do Governo dos EUA de o extraditar.

Julian Assange tenta há vários anos evitar a extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de vários crimes, entre os quais espionagem, pela publicação na plataforma WikiLeaks de um grande número de documentos confidenciais relacionados com a defesa nacional.

De acordo com os procuradores norte-americanos, Assange violou a legislação dos Estados Unidos e ajudou a analista dos serviços de informação das Forças Armadas, Chelsea Manning, a roubar documentos diplomáticas confidenciais e ficheiros militares, que foram publicados na íntegra na WikiLeaks. Segundo a justiça norte-americana, Assange, que está na prisão de Belmarsh desde 2019, colocou vidas em risco com a publicação das informações.

Este mês, o Supremo Tribunal do Reino Unido recusou o recurso do fundador da plataforma WikiLeaks contra a decisão de extradição para os Estados Unidos. A Justiça britânica tinha inicialmente rejeitado o pedido de extradição para os EUA sob a alegação de que Assange poderia cometer suicídio se fosse submetido às condições severas dos estabelecimentos prisionais norte-americanos.

Supremo Tribunal britânico impede Julian Assange de recorrer de extradição para os EUA

As autoridades norte-americanas, no entanto, asseguraram que o fundador do WikiLeaks não seria submetido a tais condições, declarações refutadas pelos advogados de Assange, que alegaram que estavam em causa as suas condições de saúde física e psicológica. Em dezembro, a instância superior da Justiça britânica reverteu a decisão e avançou com o pedido de extradição com base nas promessas feitas pelas autoridades norte-americanas de que Julian Assange seria tratado com dignidade.