O Presidente dos Estados Unidos afirmou esta quinta-feira que, em caso de utilização pela Rússia de armas químicas na Ucrânia, a NATO irá responder, sem precisar a natureza dessa resposta, mostrando-se ainda favorável à expulsão da Rússia do G20.

“Responderemos se ele [Putin] usar [armas químicas]. A natureza dessa resposta dependerá da natureza da sua utilização”, afirmou Joe Biden.

O Presidente dos Estados Unidos falava no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), depois de ter participado numa cimeira dos líderes da Aliança Atlântica e uma cimeira dos líderes do G7.

Questionado se essa resposta incluiria uma intervenção militar da NATO, Biden respondeu que a utilização de armas químicas “despoletaria uma resposta à altura”. “Se está a perguntar se a NATO iria atravessar [a fronteira com a Ucrânia], tomaríamos essa decisão na altura”, frisou.

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Interrogado ainda se acha que a Rússia deveria sair do G20, Biden respondeu que “sim”, mas afirmou que “isso depende” no conjunto dos países que compõem o grupo.

“Foi uma questão levantada hoje e eu sugeri que, caso isso não seja possível — caso a Indonésia e outras nações não concordem [com a expulsão da Rússia] — então deveríamos, na minha opinião, pedir para que a Ucrânia participe e assista às reuniões do G20”, sublinhou.

Biden revela pormenor sem querer e diz que vai a uma fronteira ver “muitas pessoas”

Durante a conferência de imprensa, Joe Biden revelou sem querer uma possível visita oficial. Enquanto descrevia a situação dos refugiados na Europa e questionado sobre se visitaria um teatro de guerra, o Presidente norte-americano disse que esperava ver a situação das pessoas que fogem da guerra “na fronteira”.

Depois, interrompeu o seu raciocínio e afirmou: “Não devia dizer isso”, acrescentando depois: “Vou ver muitas pessoas”.

NATO “nunca esteve tão unida como está hoje”

O Presidente dos Estados Unidos afirmou também que Vladimir Putin estava a contar com uma divisão na NATO. “Durante a minha conversa com ele, no início de dezembro, fiquei convencido que ele achava que nós não iríamos conseguir manter a coesão. A NATO nunca, nunca esteve tão unida como está hoje. Putin está a obter exatamente o contrário daquilo que pretendia”, vincou.

Biden frisou que já sabia que as sanções não iriam “dissuadir Putin” — “as sanções nunca dissuadem” —, mas sublinhou que a “manutenção das sanções, aumentará a dor” e a demonstração de união entre os aliados irá influenciar o comportamento do Presidente russo.

“A razão pela qual pedi esta cimeira hoje [esta quinta-feira] foi para me assegurar que, passado um mês, iremos continuar a manter o que temos feito: não apenas este mês, não apenas no próximo mês, mas durante todo o ano. É isso que irá pará-lo (a Putin)”, disse.

Reiterando a necessidade de união entre os Estados-membros da NATO num futuro próximo, Biden considerou que “se a Europa ceder num mês, seis semanas ou dois meses”, o Kremlin não se importará com “qualquer nome” que seja adicionado à lista de sanções.

“O elemento mais importante é mantermo-nos unidos e que o mundo continue a aperceber-se de quão violento este tipo é, de todas as vidas inocentes que se estão a perder e a arruinar, e do que se está a passar [na Ucrânia]. Isso é que é importante”, salientou.

“Temos de nos manter completamente, totalmente unidos”, acrescentou.

À conversa com Xi Jinping, Biden não deixou “ameaças”, mas elencou “consequências” se apoiasse Rússia

Questionado sobre a conversa com o Presidente chinês, Xi Jinping, Joe Biden indicou que teve “uma conversa muito honesta. Disse-lhe claramente que apoiar a Rússia teria consequências”, indicou o Presidente norte-americano, que sublinhou que esse “comportamento bárbaro” colocaria as relações económicas entre o Ocidente e Pequim “em risco”.

“A economia chinesa está mais ligada ao Ocidente do que a da Rússia”, apontou o chefe de Estado dos EUA, que ressalvou que não deixou qualquer “ameaça”.