No dia 27 de março, começaram a circular nas redes sociais vídeos através dos quais supostamente se denunciavam torturas feitas por soldados ucranianos a prisioneiros de guerra russos. Na passada sexta-feira, uma investigação do Le Monde confirmou que os perpetradores são soldados ucranianos pertencentes ao batalhão Slobozhanshchyna.

Num dos vídeos em causa, de acordo como jornal francês, é possível ver três prisioneiros de guerra russos de mãos amarradas e ajoelhados num local identificado como sendo a aldeia de Mala Rohan. Um outro vídeo, que terá sido gravado a 750 metros do primeiro, mostra os mesmos três soldados russos a serem alvejados na perna por um militar ucraniano.

O Le Monde explica ter recorrido à ajuda do analista independente Erich Auerbach para confirmar a autenticidade das imagens e determinar os seus intervenientes. Através do cruzamento de elementos da paisagem, o jornal conseguiu descobrir não só o local onde as imagens foram captadas, como também a data em que os vídeos foram gravados.

Nas filmagens, o céu encontra-se limpo e não há indícios de neve – elementos meteorológicos que permitem concluir que o vídeo foi gravado no dia 25 de março e divulgado nas redes sociais dois dias depois.

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A investigação permitiu ainda concluir que os soldados pertenciam ao batalhão Slobozhanshchyna – a identificação foi feita através da análise das várias insígnias dos uniformes. O Le Monde explica igualmente que, embora não seja possível garantir a 100% que o homem que dispara pertence a este grupo, o líder do mesmo, Andri Ianholenko, aparece ao lado das vítimas antes dos tiros serem disparados.

Ianholenko criou o batalhão para lutar, em 2014, no Donbas. Meses mais tarde, foi detido por planear assassinar vários oficiais ucranianos e o batalhão foi desmantelado.

A 24 de fevereiro deste ano, contudo, Andri Ianholenko anunciou o reagrupar do seu batalhão, e, a 27 de março, comunicou a morte do seu irmão, tendo jurado vingança para com as tropas russas. Curiosamente, a mesma data em que os vídeos que indicam terem sido violadas as leis da Convenção de Genebra sobre o tratamento dado aos prisioneiros de guerra foram colocados a circular.