O Chiron é, por si só, um hiperdesportivo capaz de despertar invejas, cortesia de uma estética arrebatadora, perfeitamente a condizer com os 1500 cv que o seu motor a gasolina de 16 cilindros dispostos em W, com 8,0 litros de cilindrada e alimentado por quatro turbocompressores, passa às quatro rodas através de uma caixa automática DSG de sete velocidades. Cada unidade custa cerca de 2,5 milhões de euros (antes de impostos), mas o facto de a Bugatti se comprometer a fazer 500 exemplares do Chiron retirou um pouco a “exclusividade” associada ao hiperdesportivo francês. Com o Centodieci isso não será um problema, na medida em que o construtor de Molsheim produzirá apenas uma dezena de unidades, com um preço unitário estimado de 8 milhões de euros, antes de impostos. A primeira já saiu do “Atelier” do construtor.

O primeiro Centodieci está pronto a ser entregue ao seu proprietário que, para cúmulo, é também dono de um EB110 GT, o superdesportivo construído em 1991 que a Bugatti decidiu homenagear com a série limitada Centodieci. Daí o nome “cento e dez”, sendo que o EB110 original foi apresentado 110 anos após o nascimento de Ettore Bugatti, o fundador da Bugatti, e o Centodieci foi revelado em 2019, 110 anos depois da fundação da marca.

Três anos depois da apresentação desta “máquina” na Monterey Car Week, na Califórnia, o Centodieci está preparado para impressionar o dono com os seus 1600 cv, mais 100 cv que o Chiron, embora a alma continue a ser o W16 de 8,0 litros. Apurado aerodinamicamente no túnel de vento e exposto às mais severas condições, num programa de testes em que completou mais de 50.000 quilómetros, o Centodieci usufruiu ainda de alterações no chassi para “proporcionar uma experiência única ao volante”. Findo o seu programa de desenvolvimento, a marca anunciou que cumpriria os 0-100 km/h em 2,4 segundos, para depois poder atingir 380 km/h de velocidade máxima, se o pé continuar a pressionar o acelerador.

No mesmo azul com que o EB110 fez a sua estreia aos olhos da imprensa mundial, o primeiro Centodieci produzido exigiu, só para a criação do seu interior, cerca de 16 semanas. A atenção ao detalhe é tanta, realça a marca, que só o “exame meticuloso dos bancos” exigiu um dia para a vistoria completa. Os assentos, com um padrão acolchoado tipo tabuleiro de xadrez, são também azuis, solução essa que se estende ainda ao forro das portas e ao revestimento da consola central. Tudo isto – e até os tapetes – tendo como inspiração o EB110 de 1991, mas elevando a nobreza dos materiais e dos acabamentos a um patamar condicente com os mais de 8 milhões exigidos pelo Centodieci.

O montante astronómico não só não afastou potenciais compradores (as 10 unidades foram rapidamente vendidas), como despertou o interesse dos coleccionadores no “clássico” EB110. Prova disso é que, desde então, se sucedem os recordes em leilão. No primeiro trimestre deste ano, foram licitados três Bugatti EB110 por valores na casa dos 2 milhões de euros. Por isso, tudo indica que quem adquiriu o Centodieci (Cristiano Ronaldo foi apontado como tal) fez um investimento seguro.

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