Tinha apenas cinco anos quando protagonizou a sua primeira aparição pública. Corria 1942 quando foi um dos dos pequenos pajens do príncipe Filipe no dia do seu casamento com a rainha. Primo direito de Isabel II, Michael de Kent fica de fora do top 50 quando o assunto é sucessão ao trono (estava em oitavo quando nasceu) mas ao longo de décadas tem sido presença assídua nos principais eventos familiares, ao lado da soberana. Uma tradição que em breve será interrompida: quando completar 80 anos, no próximo dia 4 de julho, o príncipe e a mulher, Marie-Christine, vão retirar-se da vida pública, deixando de marcar presença em eventos oficiais. A notícia é avançada pelo The Telegraph, aguardando-se um comunicado oficial nos próximos dias.

Este cenário de afastamento surge pouco mais de um ano depois de a imprensa dar conta da sua polémica ligação a Moscovo. Um caso que assumiu as proporções de escândalo em maio do ano passado, quando foi revelado que o príncipe teria mesmo “vendido o acesso” ao Presidente Vladimir Putin. O caso rebentou ainda à distância da invasão da Ucrânia, acontecimento que aumentou o grau de escrutínio e precipitou o fim de uma série de vínculos: o príncipe deixou de ser patrono da câmara de comércio Russo-Britânica e devolveu uma das mais prestigiadas honras russas, a Ordem da Amizade. No entanto, adianta o Telegraph, terá permanecido como embaixador e acionista da RemitRadar, uma empresa de transferência de dinheiro liderada por Sergey Markov, um ex-oficial da KGB.

A ascendência russa sobressai na genealogia do príncipe. Nicolau II, o último czar, era primo direito de ambos os avós maternos, o príncipe Nicolau da Grécia e da Dinamarca e a grã-duquesa Elena Vladimirovna, mas também o avô paterno. Em 1991, o príncipe foi uma das pessoas cujo ADN foi usado para o reconhecimento dos corpos do czar russo, assassinado em julho de 1918. Para além da sua assumida russofilia, é conhecida também a sua fluência em língua russa. Em 2021, a investigação jornalística do Sunday Times sustentava que o príncipe explorava a sua condição enquanto membro da família real para proveito próprio. A investigação, que envolveu dois repórteres sob disfarce, concluiu que o príncipe disponibilizou-se para estabelecer ligações entre empresários e a administração Putin em troca de dinheiro.

Desde a queda da Cortina de Ferro que o príncipe se tem aproximado da Rússia, através de várias visitas. Em 1998, participou das cerimónias fúnebres em honra de Nicolau II e da mulher, Alexandra Feodorovna.

Até ao período pré-pandemia, segundo o próprio palácio, Michael e a mulher assumiam mais de 200 compromissos anuais.

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