O Presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, fugiu este sábado da sua residência oficial em Colombo minutos antes de esta ter sido invadida por manifestantes em fúria, disse à AFP uma fonte do Ministério da Defesa do país. Horas depois foi ateado fogo tanto na residência oficial do primeiro-ministro como na particular do primeiro-ministro. Rajapaksa já anunciou a sua renúncia.

De acordo com a BBC News, a informação foi dada pelo próprio Presidente da República ao presidente do Parlamento Mahinda Yapa Abeywardena. A renúnica ao cargo será efetivada a 13 de julho, de acordo com o que está a ser avançado.

O país tem sido atravessado por uma onda de protestos numa altura em que atravessa uma grave crise económica, que o jornal britânico The Guardian descreve como a maior crise desde 1948, ano em que o país insular se tornou independente do Reino Unido.

Este sábado, a cadeia privada de televisão Sirasa mostrou imagens dos manifestantes em fúria a invadirem o palácio presidencial, até agora fortemente protegido pelos militares.

A mesma fonte da Defesa indicou que Gotabaya Rajapaksa se mantém como Presidente do Sri Lanka e que está agora sob proteção pelas Forças Armadas num local secreto. Já o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, demitiu-se este sábado na sequência dos protestos. Entretanto os manifestantes terão posto fogo à sua residência oficial, segundo avança a NDTV.

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Depois disso, a casa privada do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe foi também cercada por manifestantes e está atualmente a arder, diz a BBC News.

“Os manifestantes invadiram a casa privada do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe e atearam o fogo”, confirmou um funcionário do seu gabinete à BBC News. Wickremesinghe vivia nesta casa com a sua família, conhecida pela residência Fifth Lane, e usava a sua residência oficial, Temple Trees, apenas para os assuntos oficiais.

Atualmente não se sabe do paradeiro do primeiro-ministro desde que a sua casa começou a arder. E também não é conhecido o local onde está o Presidente da República.

A crise económica sem precedentes está a limitar em grande medida o acesso do país a combustíveis, o que já levou o Presidente Gotabaya Rajapaksa a pedir à Rússia um empréstimo de combustíveis e a retoma dos voos entre Colombo e Moscovo para fortalecer o turismo na ilha.

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Em reação à crise, a população do Sri Lanka tem protagonizado grandes protestos exigindo a demissão do Presidente.

Nos protestos deste sábado, mesmo apesar da resistência da polícia, que disparou canhões de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, os manifestantes conseguiram mesmo invadir a residência oficial do Presidente.

Imagens divulgadas pelas redes sociais mostram a multidão a subir a grande escadaria do palácio presidencial, a deitarem-se em sofás e camas e até a aproveitarem a piscina da residência.

Segundo explica o The Guardian, a crise económica sem precedentes que o Sri Lanka atravessa levou ao colapso total da economia do país nos últimos meses, com o governo atualmente sem qualquer capacidade para importar alimentos, combustível nem medicamentos.

Com a inflação atualmente nos 54,6% e os preços da alimentação a sofrer aumentos de cinco vezes, o país suspendeu todas as vendas de combustível e fechou as escolas. No setor da saúde, praticamente todas as intervenções e operações foram canceladas ou adiadas.

Artigo atualizado às 18h03 com novas informações sobre o que se passa no país