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"Abbott Elementary". Uma comédia na sala dos professores

Este artigo tem mais de 2 anos

Nas catacumbas do Disney+ está uma das séries de humor mais elogiadas do momento, nomeada para os Emmys. Meio sitcom, meio mockumentary, numa escola primária estatal num bairro pobre de Filadélfia.

"Abbot Elementary" é, assim, bastante clássica no seu formato, muito longe das derivações tresloucadas e dinamitadas das regras da geração atual de comédia televisiva
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"Abbot Elementary" é, assim, bastante clássica no seu formato, muito longe das derivações tresloucadas e dinamitadas das regras da geração atual de comédia televisiva

"Abbot Elementary" é, assim, bastante clássica no seu formato, muito longe das derivações tresloucadas e dinamitadas das regras da geração atual de comédia televisiva

Uma das coisas que distingue um bom restaurante de petiscos, daqueles que são mesmo um achado, é estarem em sítios rebuscados, ali a roçar o misterioso. É preciso conduzir 17 quilómetros para fora da povoação, descobrir uma rua que nem tem placa com nome, deixar o GPS à deriva, bater a uma porta fechada em código morse, para enfim descobrir os melhores percebes e o melhor arroz de lingueirão da vida. A organização do catálogo da Disney+ parece seguir uma lógica semelhante: temos aqui um pitéu, mas tem de ser um amigo a recomendar depois de ter dado com ele por acaso. Só isso explica que a plataforma tenha este mês estreado e prontamente soterrado a sitcom “Abbott Elementary”

É um pequeno fenómeno de cultura pop que tem conquistado público, crítica e, recentemente, uma mão cheia de nomeações para os Emmy nas cada vez mais competitivas categorias de comédia. A série sobre uma escola pública na Filadélfia conquistou o seu lugar no meio de pesos pesados como “Barry”, “Curb Your Enthusiasm”, “Hacks”, “The Marvelous Ms. Maisel”, “Only Murders in the Building”, “Ted Lasso” e “What We Do in the Shadows” — deixando para trás valores seguros como “Atlanta”, “Black-Ish” ou “Ghosts”.

[o trailer de “Abbott Elementary”:]

https://www.youtube.com/watch?v=cO-_7oi-61Y

Quem se der ao trabalho de ver mais para lá de Pixar, Marvel e Star Wars e der trabalho ao motor de busca do serviço de streaming descobre então uma temporada de 13 episódios (a segunda estreia a 22 de setembro, pelo menos nos Estados Unidos) que segue dois modelos clássicos do género da sitcom: a worplace comedy (uma comédia passada num local de trabalho, com colegas forçados a conviver pelas contingências laborais, como são “The Office”, “Parks And Recreation” ou “30 Rock”) e o entretanto já algo estourado mockumentary (o uso de um modelo semelhante ao documentário, que permite depoimentos para a câmara, usado e abusado desde o sucesso de “The Office” inglês original).

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“Abbott Elementary” é, assim, bastante clássica no seu formato, muito longe das derivações tresloucadas e dinamitadas das regras da geração atual de comédia televisiva — como, por exemplo, “Barry”. É um já raro exemplo de série feita com as regras da televisão “normal”, a linear. Passa na ABC num dia e horários específicos, uma vez por semana, e tem um arco de temporada daqueles ligeiros que faz com que a ordem pela qual se veem os episódios seja relativamente indiferente. Podem apanhar o episódio 5 uma vez num zapping sem querer e ver daí para a frente sem que nada se perca. É uma comédia soft, com um naipe de personagens empático e um plot fechado em cada episódio, com pontas soltas para relações interpessoais ao longo do arco geral.

Neste caso de mockumentary, é uma reportagem (apenas abordada de passagem no primeiro episódio) sobre as fracas condições de uma escola primária estatal num bairro pobre de Filadélfia que nos traz até Willard R. Abbott Elementary School. A população estudantil é predominantemente negra, é raro o professor que dura mais de dois anos letivos e os parcos recursos são esbanjados absurdamente pela incompetente diretora.

"Abbot Elementary" consegue um ambiente coeso, boas tiradas, personagens com as quais podíamos ir aos caracóis e um sentimento geral de feel good em quem vê

ABC

A personagem principal é a jovem professora da segunda classe (estou velha e ainda digo assim, larguem-me) Janine Teagues, desempenhada pela criadora da série, a igualmente jovem Quinta Brunson, a mulher negra mais jovem de sempre a ser nomeada para um Emmy (mas calma, tem 32 anos e não 12). Janine tem como missão de vida salvar os seus alunos, enquanto claramente expia os traumas da sua própria infância. Tem como mentora à força Barbara Howard (desempenhada pela estrela da Broadway Sheryl Lee Ralph), uma professora muito católica e já sem esperanças que as condições de ensino melhorem.

A elas juntam-se o professor substituto Gregory Eddie (Tyler James Williams, que foi a versão jovem de Chris Rock em “Everybody Hates Chris”), a professora italo-americana com ligações à Máfia Melissa Schemmenti (Lisa Ann Walter de “Bruce Almighty”) e o professor hipster Jacob Hill (Chris Perfetti de “In The Dark”). A complicar-lhes ainda mais a vida está a diretora Ava Coleman, viciada em Tik Toks e com a inteligência emocional de uma miúda de 9 anos (Janelle James, com vasta experiência em stand up).

“Abbott Elementary” não parte o molde da comédia, não atinge nada de muito memorável e, provavelmente, vai durar várias temporadas com cada vez menos gás (olá, “Modern Family”). É a sina das sitcoms fora dos grandes serviços de streaming. Mas consegue um ambiente coeso, boas tiradas, personagens com as quais podíamos ir aos caracóis e um sentimento geral de feel good em quem vê. O que já chega e sobra para ser uma boa companhia neste verão, mesmo que a Disney+ esteja mais interessada em mostrar-nos o “Zombies 3”.

 
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