Foi no final de maio, três meses depois de a guerra na Ucrânia ter começado, que Todd Boehly assumiu oficialmente o controlo do Chelsea depois de o comprar a Roman Abramovich. O empresário norte-americano foi visto como uma alternativa a um oligarca russo que ninguém queria ver à frente de um dos maiores clubes do mundo — o que poucos poderiam adivinhar era que Boehly tinha atravessado o Oceano Atlântico com o objetivo de mudar o futebol europeu.

Dias depois de despedir Thomas Tuchel e contratar Graham Potter, numa decisão que já justificou com a necessidade de ter um treinador que “partilhasse a visão” que tem para o clube londrino, o empresário norte-americano marcou presença na conferência SALT, em Nova Iorque, um fórum de liderança e networking. Na respetiva intervenção, falou sobre vários temas: a possibilidade de uma Superliga Europeia, a renovação e adaptação que a Premier League terá de empreender e também os planos que tem para o futuro da marca Chelsea e que podem incluir um investimento em Portugal.

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Logo à partida, sobre a Superliga, Todd Boehly garantiu que não gosta de dar “um não rígido” a nada. Mas garantiu que a nova competição não está nos planos do Chelsea — que, há pouco mais de um ano, foi um dos clubes fundadores da ideia que nunca ganhou asas. “Acho que a Liga dos Campeões já tem uma grande componente de tudo isso. Temos os melhores clubes a jogar uns contra os outros todas as temporadas. Se ganhares a Liga dos Campeões, ganhas mais de 100 milhões de euros; se ganhares um Masters de golfe, ganhas um ou dois milhões. Vejo isso a acontecer até no verão, mais jogos grandes no verão… Existem outras formas de o fazer. A paixão que os adeptos têm pelo desporto tal e qual como ele é agora é tão grande que não consigo imaginar ver isso a mudar. Nunca dou nãos rígidos, gosto de manter as opções em aberto, mas não é algo que estejamos a discutir, de todo”, disse o dono dos blues.

Ainda assim, Boehly defende que a Premier League pode fazer ainda mais dinheiro e potenciar ainda mais aquela que é considerada a melhor liga do mundo. O empresário norte-americano de 48 anos defende a criação de um All-Star Game, à semelhança dos que acontecem na NBA e na NFL, e pretende colocar o norte de Inglaterra contra o sul de Inglaterra através de duas equipas formadas precisamente com jogadores selecionados nos clubes das duas regiões.

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“Espero que a Premier League tire algumas lições do desporto dos Estados Unidos. Porque é que não existe um All-Star Game? Podemos ter um norte contra o sul na Premier League e fazer milhões facilmente. Ouçam, acho que toda a gente gosta da ideia de trazer mais dinheiro para a liga”, explicou, acrescentando que a despromoção ao Championship deveria ser feita através de um mini-torneio entre as últimas quatro equipas e não automaticamente e através da pontuação registada ao longo da temporada.

As ideias, porém, não agradam a todos. Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, foi questionado sobre as declarações do empresário após a vitória desta terça-feira frente ao Ajax e mostrou-se surpreendido. “Não tivemos de esperar muito! Que ótimo, talvez ele encontre uma data para o All-Star Game. É completamente diferente nos Estados Unidos. Também quer trazer os Globetrotters? Ele esquece-se de que nos Estados Unidos eles têm paragens de quatro meses. Ele disse mesmo isso? Que interessante”, atirou o técnico alemão.

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Em relação ao Chelsea, Todd Boehly tem planos ainda mais ambiciosos. O empresário é um confesso admirador do City Group, que detém o Manchester City e outros clubes noutros continentes, e também do projeto da Red Bull, que tem duas equipas na Liga dos Campeões graças ao RB Leipzig e ao RB Salzburgo. “Já falámos sobre a possibilidade de ter um modelo multiclube. Acho que existem vários países onde existem vantagens em ter um clube. Queremos continuar a construir a pegada do Chelsea”, disse o norte-americano. E é aqui que entra Portugal.

Na mesma conferência, o empresário não escondeu que olha para Portugal como um mercado interessante não só para colocar jovens jogadores a rodar mas também para investir num clube. “Acho que Portugal é o sítio perfeito para os jogadores do Chelsea com 18, 19, 20 anos começarem a ganhar experiência. E também para alguns sul-americanos se adaptarem ao futebol europeu”, referiu. Agora, esta quarta-feira, o Telegraph garante que Todd Boehly reuniu com Jorge Mendes em junho, em Portugal, para abordar os melhores clubes para colocar jogadores por empréstimo e também para adquirir e incluir no universo Chelsea.