O espetáculo “FE…DE…RI…CO…”, de Constança Capdeville, volta à cena nos dias 4 e 5 de novembro, no âmbito da quarta edição do Festival CriaSons, que acontece em Lisboa a partir de novembro até março próximo.

“FE…DE…RI…CO…” será apresentado no Teatro Aberto, em Lisboa, como ponto de partida da edição deste ano do Festival que vai decorrer sob o signo da compositora Constança Capdeville (1937-1992), “um nome cujo desconhecimento injusto torna ainda maior a necessidade de dar a conhecer o seu percurso e obra”, segundo comunicado da organização enviado à agência Lusa.

“A missão, desde 2011, do CriaSons é promover e divulgar amplamente a criação contemporânea. Nesta quarta edição, apostamos na reabilitação de um género performativo muito impactante para a cultura musical nacional da segunda metade do século XX: o ‘Teatro-Música'”, disse à Lusa fonte da organização.

“Fazemo-lo através de uma homenagem ao seu arquétipo, Constança Capdeville, responsável por cunhar esse termo, por vezes erroneamente confundido com a expressão do teatro musical”, prosseguiu.

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“Profundamente originais, modernas e iconoclastas, e bebendo inspiração a [compositores como] John Cage ou Edgar Varèse, as obras de Capdeville são criações contemporâneas únicas que combinam diversas expressões artísticas e elementos tecnológicos, que repensam o conceito de música, de teatro e de dança, colocando novos desafios tanto à criação, como à interpretação. Em suma, um legado inestimável de um dos nomes de maior relevo da música em Portugal”, acrescentou a mesma fonte.

No palco da Praça de Espanha será apresentada “uma recriação moderna do original de 1987 de Capdeville, uma produção que, à época, pretendia romper com as formas canónicas dos eventos culturais coevas (ópera, cabaret, teatro musical, entre outros), com o objetivo de repensar o palco e a criação”.

“Em ‘FE…DE…RI…CO…’, ‘non-sense’ ganha lugar e tudo pode acontecer. Entre o surrealismo e o musical!”.

Constança Capdeville partiu da obra múltipla do poeta Federico García Lorca (1898-1936) para assinalar os 50 anos da sua morte.

O espetáculo “FE…DE…RI…CO” foi estreado a 10 de janeiro de 1987, no Centro de Arte Moderna, em Lisboa, no âmbito da programação do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), da Fundação Calouste Gulbenkian.

O “espetáculo insere-se no contexto de teatro-música original e colagens” de Capdeville.

Igualmente no âmbito do festival, no dia 30 de novembro, pelas 21:30, sobe ao palco do Teatro Aberto “Manifesto NaDa”, de António de Sousa Dias, um espetáculo inspirado “no irreverente movimento ‘DADA’ de Tristan Tzara (1896-1963), que provocou ruturas na perceção da arte e inspirou inúmeros artistas e coletivos de vanguarda”, lê-se no documento divulgado.

“Aqui, a ação em palco e a música de António de Sousa Dias propõe uma viagem possível a este universo usando e abusando da desconstrução, da colagem, da irreverência, num piscar de olhos a diferentes expressões musicais contemporâneas ou próximas do movimento ‘DADA’, onde a lógica não é a regra”.

O Festival, com direção artística do maestro Brian MacKay, é uma produção da Musicamera Produções, e promove, na próxima quarta-feira à tarde, no Teatro Aberto, uma mesa redonda sobre o percurso e obra de Constança Capdeville, com o maestro João Paulo Santos, o contrabaixista da Orquestra Sinfónica Portuguesa Pedro Wallenstein, o compositor António Sousa Dias, o violinista Luís Pacheco Cunha e a musicóloga Filipa Magalhães, do Grupo de Investigação em Música Contemporânea, do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Universidade Nova de Lisboa.