A Arménia e o Azerbaijão acusaram-se esta segunda-feira mutuamente de novos confrontos na fronteira, quando devem ocorrer em Washington negociações com o objetivo de encerrar um conflito que já custou centenas de vidas nos últimos meses.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros destes dois países do Cáucaso deverão ter conversações esta segunda-feira nos Estados Unidos moderadas pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

Há apenas uma semana, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, e o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, prometeram “não usar a força” durante uma cimeira na Rússia com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Durante a noite de domingo para esta segunda-feira, “unidades das forças armadas do Azerbaijão abriram fogo (…) contra posições arménias localizadas no setor leste da fronteira”, disse o Ministério da Defesa da Arménia num comunicado, referindo que não houve vítimas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pelo seu lado, o Ministério da Defesa do Azerbaijão acusou as forças arménias de terem disparado “com armas ligeiras de diferentes calibres” contra as posições do Azerbaijão, mas não relataram perdas ou mortes.

O Kremlin, que tradicionalmente desempenha o papel de árbitro nesta região, pediu a Erevan e Baku que “se abstenham de qualquer ação que possa levar a uma escalada de tensões”.

Os responsáveis da União Europeia (UE) reuniram-se em várias ocasiões Pashinian e Aliev em Bruxelas e os Estados Unidos já haviam convidado os ministros dos Negócios Estrangeiros da Arménia e do Azerbaijão em setembro para negociações de paz.

Os confrontos ocorrem regularmente na fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão.

Em setembro, os combates entre os dois países deixaram 286 mortos nos dois lados e fez crescer o temor de uma guerra em larga escala.

Os dois países disputam várias zonas de fronteira, incluindo o território de Nagorno-Karabakh, um enclave no Azerbaijão ocupado pela Arménia, que provocou um violento conflito armado entre 1993 e 1994, com milhares de vítimas, antes de um cessar-fogo que tem sido diversas vezes violado.

Enclave separatista arménio em território do Azerbaijão, país vizinho do Irão, o território do Nagorno-Karabakh foi novamente palco de violentos combates entre forças arménias e azeris em setembro e outubro de 2020, que provocou cerca de 6.500 mortos.

O Nagorno-Karabakh, habitado na época soviética por uma maioria arménia cristã e uma minoria azeri muçulmana xiita, efetuou a secessão do Azerbaijão após a queda da URSS, motivando uma guerra com 30.000 mortos e centenas de milhares de deslocados.