Há médicos de família a serem contratados por alguns dos principais hospitais do país para fazerem urgências e atenderem os doentes menos graves, ou seja, aqueles que podiam ser vistos nos centros de saúde. Segundo o Jornal de Notícias, que avança a notícia, no Hospital de S. João, no Porto, há 14 médicos de família na urgência, dos quais 12 estão em regime de prestação de serviços. A realidade não é nova, mas evidencia uma “desorganização do sistema”, carateriza Paulo Santos, presidente do colégio da especialidade da Ordem dos Médicos, ao jornal.

Recorrer aos médicos de família acaba por ser uma forma de responder à elevada procura das urgências, muitas vezes por casos não urgentes. Só que isso significa que estes médicos “deixam de estar nos cuidados primários”, o que tem “custos”, refere o responsável.

No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que inclui o Santa Maria, a questão também se coloca. Aliás, o hospital publicou um anúncio de recrutamento de médicos para a urgência central, para contrato de trabalho ou prestação de serviços. A Medicina Geral e Familiar foi uma das especialidades procuradas. O CHULN aponta ao jornal que há um “histórico envolvimento de médicos de MGF em urgências hospitalares”, isto porque muitos doentes são “de ambulatório e da prática clínica corrente da Medicina Geral e Familiar”. Ou seja, o problema já é histórico e crónico.

O hospital avança, porém, que a presença de médicos de família nas urgências ajuda a “facilitar a articulação com os cuidados de saúde primários”. Já Paulo Santos defende maior investimento em literária em saúde e plataformas de gestão de doença crónica, para que estes doentes que não necessitam de ser atendidos na urgência tenham um rápido acesso a consultas nos centros de saúde.

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