Marjorie Taylor Greene, a polémica congressista republicana e uma das mais visíveis apoiantes da tese de que Joe Biden não venceu as eleições presidenciais de 2020, voltou a agitar as águas este sábado ao afirmar que, se o ataque ao Capitólio tivesse sido organizado por ela, os invasores teriam saído vencedores.

6 de janeiro [dia do ataque] aconteceu e, quando demos por nós, eu tinha organizado aquilo tudo em conjunto com o Steve Bannon. Digo-vos uma coisa, se o Steve Bannon e eu tivéssemos organizado aquilo, teríamos ganho. Já para não falar que teria sido [uma revolta] armada”.

As declarações de Greene foram feitas este sábado, em Manhattan, por ocasião de um jantar de gala do Clube de Jovens Republicanos de Nova Iorque. Excertos da sua intervenção foram partilhados nas redes sociais pela página Patriot Takes, que monitoriza movimentos de extrema-direita:

A Casa Branca já reagiu por intermédio de porta-voz. Numa declaração à CBS, Andrew Bates afirmou que a “retórica violenta” de Greene é uma “chapada na cara” das autoridades e dos familiares das sete vítimas do ataque, que “vai contra os nossos valores fundamentais enquanto país”.

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Na sua conta oficial no Twitter, o novo líder do Partido Democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, também reagiu:

“A extremista Marjorie Taylor Greene discursou num evento de Jovens Republicanos em NY este fim-de-semana. Promoveu a violência e a insurreição armada. Quando é que os Republicanos supostamente moderados, como George Santos, Mike Lawler e Anthony D’Esposito, vão denunciá-la?“, questionou, apontando o dedo a membros da oposição norte-americana.

A congressista, eleita em 2020 pelo estado da Georgia, é uma das mais convictas apoiantes de Donald Trump, e é conhecida por promover várias teorias da conspiração associadas ao movimento extremista QAnon. Durante a pandemia, ganhou notoriedade ao manifestar-se contra o uso de máscaras e a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19.

Recandidatura presidencial de Trump divide Republicanos e conservadores

Em Abril deste ano, Greene foi obrigada a prestar depoimentos a um tribunal na Georgia para apurar o seu envolvimento no ataque de 6 de janeiro de 2021, no qual morreram 5 pessoas. Durante a sessão, foram divulgadas mensagens trocadas entre a congressista e o chefe de gabinete de Donald Trump, Mark Meadows, menos de duas semanas após a invasão. Numa destas mensagens, afirmou que vários membros do Congresso lhe teriam dito que “a única forma de salvar a nossa República é se Trump declarar Lei Marcial… Eles roubaram esta eleição. Todos nós o sabemos”.

No evento deste sábado, Greene prosseguiu: “É anedótico não é? Eles dizem que isto foi tudo planeado e é do género, estão a brincar comigo? Uma série de conservadores, defensores da Segunda Emenda (provisão constitucional que consagra o direito dos cidadãos ao uso e porte de armas), foram até ao Capitólio desarmados, e eles acham que organizámos aquilo? Olhem que não”.

Segundo o The Guardian, na plateia estavam várias figuras proeminentes da direita norte-americana, incluíndo Donald Trump Jr., filho do antigo Presidente e atual candidato às próximas eleições, o próprio Steve Bannon, e vários membros fundadores do site VDare, uma plataforma nacionalista e anti-imigração.

Além de Greene, outros oradores discursaram no jantar, fazendo uso de uma retórica inflamada e de confronto. Gavin Wax, presidente do Clube de Jovens Republicanos de Nova Iorque e anfitrião do evento, declarou que a direita americana quer “guerra total”.

“Temos de estar preparados para lutar em todos os terrenos. Nos media, nos tribunais, nas urnas, e nas ruas. É a única linguagem que a esquerda entende. A linguagem do poder puro e total”, afirmou.